14/06/2017
A partir de uma crise d´água, Israel
transformou o deserto em oásis. Literalmente. Desde que foi fundado, em
1948, o país luta contra a quase total falta d´água. Hoje Israel transformou-se
em um dos maiores produtores de água e tecnologia agrícola do mundo.
Esse é o caminho de um País que
precisou se reinventar em relação à utilização da água. Hoje, o
tratamento e reúso da água são vitais para: 91% do esgoto são coletados e 80%
dele são tratados e reutilizados para a agricultura na parte Sul de Israel
(totalizando 525 milhões de m³ ao ano). Outra técnica que abastece a área
agrícola é o sistema de irrigação por gotejamento, desenvolvido em Israel e
responsável por fornecer água para 30% das lavouras do mundo. Há ainda um
controle rígido de perdas, que evita o desperdício de recursos e perdas de
apenas 7%. Em todo o país, há cinco plantas de dessalinização, que utilizam a
água do Mar Mediterrâneo. Essas usinas geram mais de 100 milhões de m³ de água
ao ano e abastecem 70% do consumo doméstico.
A grave crise de água começou em 2005 e
levou Israel a “secar”
A virada da relação de Israel com os
recursos hídricos ocorreu com uma seca de sete anos, uma das mais severas que
já atingiram a Israel moderna, que começou em 2005 e atingiu seu pico no
inverno de 2008-2009. As principais fontes naturais de água do país –-o Mar da
Galileia no norte e os aquíferos costeiros e nas montanhas-– foram severamente
esgotados, oferecendo o risco de uma deterioração potencialmente irreversível
da qualidade da água.
Nesta época o governo lançou uma
campanha cujo slogan era “Israel está secando”. Medidas para aumentar a oferta
e reduzir a demanda foram aceleradas, supervisionadas pela Autoridade de Águas,
uma poderosa agência interministerial criada em 2007. A dessalinização
despontou como um foco dos esforços do governo, com cinco grandes usinas
entrando em operação ao longo da última década. Juntas, as usinas produzem um
total de mais de 130 bilhões de galões de água potável por ano, com uma meta de
200 bilhões de galões até 2020.
Enquanto isso, Israel se tornou a líder
mundial em reciclagem e reuso de águas residuais para agricultura. O país trata
86% de seu esgoto doméstico e o recicla para uso na agricultura – cerca de 60%
do total de água usado na agricultura. A Espanha fica em segundo lugar,
reciclando 17%, enquanto os Estados Unidos reciclam apenas 1%, segundo dados da
Autoridade de Águas.
O governo israelense também começou a
promover cortes imensos nas cotas anuais de água para os produtores rurais,
encerrando décadas de uso exagerado de água altamente subsidiada para
agricultura. A técnica de irrigação por gotejamento (criada no País) mudou o
perfil da agricultura e da água disponibilizada para plantações. A técnica do
gotejamento hoje é exportada para dezenas de países.
O imposto para uso excedente pelos
lares foi reduzido no final de 2009 e um sistema tarifário de duas faixas foi
introduzido. O uso regular de água pelos lares agora é subsidiado por uma taxa
ligeiramente mais alta, paga por aqueles que consomem mais que a cota básica.
Representantes da Autoridade de Águas
vão de casa em casa oferecendo a instalação gratuita de dispositivos nos
chuveiros e torneiras, que injetam ar na corrente de água, economizando um
terço da água usada, mas ao mesmo tempo dando a impressão de um fluxo forte.
As autoridades dizem que o uso mais
inteligente da água levou a uma redução do consumo pelos lares de até 18% nos
últimos anos.
E em vez das autoridades municipais
serem responsáveis pela manutenção das redes de distribuição da cidade,
empresas locais foram formadas. O dinheiro arrecadado com o fornecimento de
água é reinvestido em infraestrutura.
Em menos de 10 anos, Israel foi da
escassez à abundância de água.
Hoje
a agricultura em Israel é um dos aspectos econômicos mais
desenvolvidos. Israel é um grande exportador de produtos hortícolas e
frutícolas, e líder mundial em pesquisa agrícola, apesar de sua geografia
extremamente hostil à prática das atividades agrícolas. Tudo graças à boa
gestão da água e à sua produção, principalmente nas usinas de
dessalinização.
A dessalinização, por muito tempo repudiada por muitos como cara e inviável,
está se modernizando e tornando-se mais barata, limpa e eficiente à
medida que a tecnologia avança. Sidney Loeb, o cientista americano que inventou
o popular método de osmose reversa, passou a viver em Israel em 1967 e ensinou
o processo para outros profissionais de água.
A usina de dessalinização de Sorek se
ergue em um terreno arenoso a cerca de 15 quilômetros ao sul de Tel Aviv.
Considerada a maior usina do seu tipo no mundo, ela produz 40 bilhões de galões
de água potável por ano, o suficiente para cerca de um sexto da população de
cerca de oito milhões de Israel. Para aperfeiçoar o sistema, a empresa teve que
reduzir custos e uso de energia empregando novas tecnologias e uma série de
novos métodos, mais baratos e práticos.
Sob um arranjo complexo, as usinas
serão transferidas para propriedade do Estado após 25 anos. Por ora, o Estado
compra a água dessalinizada da Sorek por relativamente baratos US$ 0,58 por
metro cúbico.
O outro lado
Mesmo com tanta tecnologia e resultados
positivos, há ambientalistas no País que questionam a falta de preservação dos
poucos mananciais existentes no país e também os resultados do processo de
salinização e seus efeitos destrutivos a vida marinha. Rebatendo os
ambientalistas, cientistas dizem que os efeitos ainda não são conhecidos e precisam
ser checados com o passar do tempo.
Fonte: https://www.rebob.org.br (Acesso
em 11.04.2018).
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