ONGs e especialistas não acreditam em avanços na Rio+20
As avaliações
foram apresentadas por representantes de organizações não governamentais (ONGs)
que acompanharam as discussões do texto final por meio do Major Group ONGs e
por especialistas da área ambiental. A apresentação foi feita ontem (19) à
noite na Cúpula dos Povos - evento paralelo à conferência oficial da
Organização das Nações Unidas (ONU) -, no Aterro do Flamengo.
Ao lado de
representantes de organizações como Greenpeace, WWF e Oxfam, o coordenador do
Vitae Civilis, Aron Belinky, disse que para conseguir o consenso uma série de
questões polêmicas foi varrida "para debaixo do tapete”, sem resolvê-las.
“Achamos que essa é uma estratégia arriscada, que coloca o resultado à frente
do que deveria ser encarado”.
Para Belinky, o
melhor era ter deixado claro que certo pontos não tinham o apoio dos
negociadores. “Se não tem consenso, que fique claro que não tem consenso. Que
não se faça um documento aguado, que todo mundo concorda porque não faz
diferença nenhuma”, criticou o diretor, sem pontuar os itens que poderiam ter
obtido maior avanço.
O
professor da Universidade de São Paulo (USP) Wagner Costa Ribeiro, que teve
acesso à versão do texto final e participou da avaliação apresentada pelo Fórum
Brasileiro
de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Fboms)
na cúpula, disse que a consolidação do documento, acordado por 193 delegações,
foi forçada e reflete a insatisfação de várias partes.
“É uma festa
onde todo mundo sai descontente”, comentou Ribeiro. Elaborar o consenso a
partir da insatisfação não me parece algo importante. O que vi realmente não é
estimulante porque não cria metas ou vínculos ou quem vai pagar a conta”,
acrescentou.
Ao comparar o
documento da Rio92 com o texto da Rio+20, o professor culpou o cenário
internacional, de crise financeira, pela falta de grandes avanços. Ele também
citou a reunião do G20 (que ocorre no México, paralelamente à Rio+20), as
eleições na Grécia e até a Eurocopa (o campeonato europeu de futebol). “Não
diria que foi pior, mas que não teve o mesmo nível de ousadia”, avaliou.
Os especialistas
também criticaram a ONU pela pequena abertura para participação da sociedade
nas negociações
da conferência. “É um espaço limitado, de dois ou três minutos de fala, nos
Major Groups. Ou seja, pequenas intervenções em meio a uma burocracia que não
permite o avanço de uma proposta democrática”, destacou o representante da
Vitae Civilis.
Fonte: Jornal do Brasil (Agencia Brasil). 20.06.2012
às 07h13.
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