terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Monografia Integradora: “Presentação de Viagem de Trem de Buenos Aires ao município de Tigre

Monografia Integradora:  “Presentação de Viagem de Trem de Buenos Aires ao município de Tigre

Por: Sonia Regina Silva Portugal
Janeiro de 2013
USAL/Buenos Aires
Disciplina - Epistemologia e Educação

1) Prólogo

Na manhã do primeiro domingo de Julho de 2012, logo bem cedo eu e minha irmã Mary que também é aluna do mestrado e que cursa junto comigo e na mesma turma a disciplina ora em questão, após conversarmos no apartamento do hotel em que estávamos hospedadas, ainda na cama, decidíamos que naquele dia, iríamos iniciar o segundo trabalho teórico-prático da disciplina, Epistemiologia y Educación.

Segundo trabalho, porque já tínhamos realizado e apresentado um anterior, que foi prático e realizado em grupo através de experiência de conhecimento e de experimentação, o qual apresentamos na sala de aula em forma de seminário e por escrito. Agora, vem o desafio desta monografia integradora, solicitada como tarefa para ser realizada com elaboração teórica individual, pelo professor Luis Etcheverry. 

Nos ajeitamos em nossas camas e com a consigna da disciplina em mãos começamos a analisar aquele documento de novo e num esforço de síntese, depois de rever a lista de experiências propostas, começamos a elocubrar sobre o que poderíamos fazer. Analisamos e reanalisamos os temas colocados. Eram muitos. Eram trinta e seis temas que nos inquietava, e nos deixava angustiadas. Analisamos de novo e começamos a ver o que poderia nos motivar mais e assim, chegamos a um denominador comum: vamos então fazer uma viagem de trem? Tá bem. Nos dissemos.

 Eu já havia conhecido muito rapidamente a Estação Retiro bem como, alguns trechos da viagem até o Tigre mas, poderia fazer esta viagem de novo vendo e observando sob um novo ângulo, isto é, sob um novo olhar.....

Vamos então para a Estação Retiro, dissemos juntas, e de lá seguimos observando, nos aproximando, experienciando a presentação de uma viagem de trem de Buenos Aires ao município de Tigre. Decidimos pela a idéia-força de que iríamos juntas presentear uma viagem de trem da Estação Retiro em Buenos Aires a Estação Retiro do Município de Tigre mas, que nossas impressões, registros e elaboração teórica do trabalho seria pessoal e individual. Isto combinado, levantamos da cama e bastante motivadas fomos nos aprontar para enfrentar de forma contente o desafio para o qual estávamos nos propondo.

Me coloquei a pensar enquanto me aprontava, se ao final da viagem ainda concordaria com o mesmo conceito de experiência, do autor Heidegger  que nos diz, que fazer una experiência significa que algo nos passa, nos ocorre, que algo nos alcança, nos tomba, nos possui e transforma. 

A motivação para selecionar o tema, Estação Retiro. Viajar de trem a Tigre,  Presentação de Viagem de Trem de Buenos Aires ao município de Tigre, foi a de rever e reconhecer locais já visitados pois, a visita anterior havia ocorrido de forma rápida e sem maiores registros sobre os cenários que se despontam ao longo da viagem e agora, havia a perspectiva de visitar de novo e com um novo olhar onde eu pudesse observar melhor, experienciar a presentação com uma maior aproximação não somente do ambiente que vai se descortinando pelas janelas do trem mas, também com  a perspectiva de prováveis interrelações que se pode estabelecer entre as pessoas que circulam na área e com o meio ambiente e a partir daí, construir o meu próprio conceito de experiência, a cerca das localidades que se descortinam ao viajante ao longo dos trilhos e do município de Tigre pessoas que passam, que vão e vem, que permanece por alguns minutos, outras que seguem depressa, outras param.

O método desta monografia integradora será de Abordagem Qualitativa Descritiva utilizando a máquina fotográfica para registrar cenas quotidianas que me chamem a atenção
A metodologia da Abordagem Qualitativa Descritiva foi definida por Minayo (2007), como aquela capaz de incorporar a questão do significado e da intencionalidade como os atos, as relações e as estruturas sociais. Tendo a potencialidade de aprender e analisar os acontecimentos, as relações, os momentos e o processo como parte de um todo.

Justifica-se a eleição deste método, por ele apresentar objetivo descritivo e exploratório que possibilitará a observadora pesquisadora, contemplar os acontecimentos e os momentos dos sujeitos observados, facilitando a observação direta e entrevista.

...”Si conozco directamente que algo existe, este conocimiento directo me proporciona el conocimiento de que algo existe. Pero no es verdad, recíprocamente, que para que pueda saber que algo determinado existe, yo o alguien deba haber conocido directamente la cosa. Lo que ocurre, cuando enuncio un juicio verdadero sin conocimiento directo, es que la cosa me es conocida por descripción o referencia [conocimiento proposicional], y que, en virtud de algún principio general, la existencia de la cosa correspondiente a esta descripción puede ser inferida de algo que conozco directamente....” (Bertrand Russell: Los problemas de la filosofía, Barcelona, Labor, Barcelona 1978, 5ª ed., p. 43-45).

2) Desenvolvimento

Luis Etcheverry, em seu texto: Que significa hacer uma experiência? Coloca que “Nesse primeiro sentido o fazer parece adquirir um caráter passivo, porque sofremos, somos afetados, somos abordados por esse algo, a qual aceitamos, ao qual nos submetemos, e pelo o qual nos deixamos abater. No entanto, nós tomamos o que nos alcança receptivamente. Assim, é que algo acontece, tem lugar, se faz”.  E continua se colocando quando diz, "Note-se que, visto assim o fazer uma experiência de algo é um movimento que não se origina de mim que faz ou produz a experiência com a sua vontade - como se a vontade flutuasse em um vazio e em um determinado momento ocorrera fazê-la do nada. Em vez disso, fazer uma experiência de algo suponhe-se uma primeira renúncia ao meu pretendido voluntarismo.

De fato, se ignorarmos o voluntarismo e nos dispormos de modo receptivo-passivo para que esse algo aconteça, a obra será fruto de um diálogo vinculante com o mundo. Acontecerá a obra em um espaço-tempo de jogo entre os vículos, a saber, em um vínculo de: 1) a obra com a natureza, de  2) a obra com o sagrado, de 3) a obra comigo mesmo, e de 4) a obra com os outros (espectadores/co-criadores).

Pensado desta maneira  fazer uma experiência é andar e desandar os caminhos para retornar própria e explicitamente a esse lugar onde já nos encontramos. E esse lugar ou região é o mundo onde a obra acontece em diálogo vinculado e vinculante. Para trazer à tona o que se pensa, demos lugar para a experiência a partir da leitura de um relato.

Neste caso, o relato será o meu: Presentação de Viagem de Trem de Buenos Aires ao município de Tigre.

Saímos do hotel em direção a um ponto de ônibus, estávamos indo para a Estação Retiro. O dia estava nublado, cinzento e frio. Pegamos o ônibus e descemos em frente a estação, parei um pouco ali e fiz o meu primeiro registro fotográfico, logo  me deparei com um lindo exemplar de árvore em plena floração, solicitei a Mary que fizesse uma foto minha em baixo daquela árvore. Daí em diante, fui registrando com fotografia tudo que me chamava a atenção e desde já sabia que este trabalho teria mais páginas do que havia sugerido o professor.                                                                                                             
Primeiro registro (Estação Retiro)              A beleza de uma árvore em floração
Atravessamos a avenida e entramos na estação.  Registrei a chegada do trem, passageiros entrando no vagão e ainda pedi para um passageiro fazer a nossa foto (eu e Mary) Já acomodadas para a viagem.
O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o nstrumento-chave. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem (LAKATOS et al, 1986).
Verifica uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números (MINAYO, 2007).
           

Registro dos roteiros das estações que passamos nesta viagem da estação de Retiro a Tigre.

Começa a viagem e constato que realmente a observação permite a coleta de dados em situações em que é impossível estabelecer outras formas de levantamento ou outras formas de comunicação e que permite também que o observador chegue mais perto da perspectiva dos sujeitos que naquele momento se revelava de grande utilidade na descoberta e especulação de aspectos novos.
Comecei então, a observar as pessoas que entravam no trem e se movimentavam procurando um lugar para se acomodar e comecei a me deixar levar de forma passiva-receptiva por uma experiência vincular com aquele mundo que se instalava naquele momento.

O que eu fui vendo e observando e que me chamou a atenção fui registrando com fotos e tentando perceber e entender o que podia está acontecendo com aquelas pessoas e naquele momento, assim desta forma representarei esta minha experiência.

O trem andava rápido e logo já chegava na próxima estação, Retiro- L. de La Torre e me chamou a atenção propagandas, favelização na saída da estação L. de la Torre. Um cantor se apresentou cantando três músicas portenhas e nos pediu uma ajuda com dinheiro. Aparecia muros pichados.
      Propagandas                         Cantor   se apresentando dentro do trem     Cenário visto da janela do trem
          Pichações                                       Nova amiga (Grece)                   Tocador de acordeom
Sentada na nossa frente uma bonita moça que viajava sozinha e observei que ela prestava muita atenção nos passageiros e nos arredores. Puxei conversa com ela e num esforço comunicativo perguntei para ela para onde estava indo e se ela já havia feito aquela viagem antes.  Ela muito tímida, me disse que se chamava Grece, tinha 17 anos e que estava fazendo aquela viagem pela primeira vez e que aproveitava o domingo para conhecer aquele roteiro de viagem. Conversamos outras coisas banais e contei para ela que eu era estudante do mestrado da USAL e que estava ali muito interessada na viagem pois, ela seria apresentada como tarefa de uma disciplina. Ela achou isso interessante e conversamos um pouco mais, pedi a ela para fotografá-la e lhe perguntei se haveria algum problema de colocar a foto dela no meu trabalho, ela disse que não haveria problema.

Um senhor, já idoso se preparava e se apresentou tocando acordeom. Demos uns trocados para ele.

Comecei a prestar mais atenção em duas pessoas que estavam próximo de nós. Essas pessoas me intrigaram muito pois, o rapaz entrou numa estação e logo na próxima entrou a senhora. Eles se encontraram demonstrando muita emoção naquele encontro e conversavam baixinho e muito próximo um do outro, depois se abraçaram por longo tempo, eu comecei a imaginar quem seria aquelas pessoas, que representavam um para o outro? que laços os uniam? Será que eram mãe e filho? ou tia e sobrinho? ou alguém que tentava cuidar de outro a pedido de algum parente ou amigo? Minha imaginação e elucubração foram longe e comentei com Mary o quanto aquelas cenas estavam me intrigando e minha curiosidade ficava maior ainda porém, respeitei aquele momentos deles e observava e registrava a uma certa distância. Assim, as cenas registradas por mim, a baixo postadas me impressionaram muito e me comoveram. 
O encontro com amor.  
Por longos minutos, o rapaz de casaco preto e a senhora de blusa listada mantiveram-se abraçados. Um outro casal me chamou a atenção. Se abraçavam, se beijavam e logo depois desceram na Estação Beccar. Paralelo a isso, uma senhora de casaco vermelho passava pelos vagões vendendo doces e guloseimas.
    
O encontró com amor.
Conocer y saber
..”«Conocer» puede distinguirse de «saber» y, en sentido estricto debe hacerse. En este supuesto, «conocer» indica un contacto consciente con el objeto conocido a través de la experiencia y, en concreto, de la percepción, en oposición a «saber» que es un conocimiento por conceptos e ideas. Saber es, así, exclusivo y propio del hombre, mientras que tanto los hombres como los animales conocen. Se conocen cosas; se sabe verdades o proposiciones verdaderas. «Conocer» es, además, un proceso perceptivo directo e inmediato, que se justifica por sí mismo; «saber», en cambio, es un proceso indirecto, mediato e inferencial, esto es, apoyado en razones...” (Conocimento, material de la cátedra sobre la base de Cortés Morató, Jordi y martinenez Riu, Antoni: Dicionario de Filosofia, barcelona, Editorial herder, 1996).

Agora lembrando das cenas do quotidiano vistas naquele dia, posto abaixo mais duas fotos de casal. Penso: é o amor! Adiante, em outra estação vejo outro casal.
  
Passamos pela estação Rivadávia, logo chegamos a Vicente Lopez. Eu continuava observando ao meu redor e as paisagens passavam por mim?
 Ou eu passava por elas?
  
                                           Paisagens vistas pelas janelas do trem.

Passamos em outras diversas estações e por fim chegamos ao Tigre, como postado abaixo. Descemos finalmente a Estação de Trem TBA – Tigre Railroad Station.
    
Descemos e seguimos vendo as coisas e observando, fomos em direção a ponte Sacriste que se conecta com com as Avenidas  Cazón  e Libertador, seguindo e pela esquerda pela rua Lavalle e ai descemos andando bordeando pelo o passeio da margem do rio Tigre. Cenas quotidianas foram aparecendo como: Pedinte sentado no chão do passeio  bebendo refrigerante com bebida alcóolica numa demostração de evidência daquele homem está com problema social. Logo depois, nos deparamos com quadros muito mais otimistas e simpáticos.
 
Um grupo fazendo um pik-nik, grupo de jovens no parque, pai com filha em parquinho de diversão, lazer no rio. Museus, clubes, pessoas fazendo cooper entre outras interessantes cenas de todo dia. 
                                                  Lazer no rio Tigre

Notamos que as águas do rio Tigre estavam turbulentas e a olho nú, pareciam sujas, isto é, água de má qualidade em termos de balneabilidade. Ai ressurge o meu senso de bióloga que já trabalhou alguns anos com qualidade de águas e observo com mais critério e afinco e vejo aves no rio, garças pretas (biguás) e nas proximidades pombos. Tentei fotografar as garças mas, não consegui.

Conversei com Mary, sobre minha inquietação sobre a qualidade das águas do rio Tigre, donde elas poderiam estar vindo, em termos de bacia hidrográfica e que afluentes (cursos de água-rio/riacho/córrego, entram e se juntam as águas daquele rio) e efluentes (resíduos/produtos resultantes de atividades industriais, esgotos domésticos/hospitalares e agrossilvopastoril) poderiam estar sendo lançados naquele rio, qual soma em termos de índices de qualidade de água e parâmetros físico-químicos, biológicos e de agrotóxicos, estavam presentes contaminando aquelas águas?

Deduzi, que pelo menos naquele trecho do rio em que visualizávamos apenas a olho nú e com apenas com parâmetros de aparência, cor e turbidez, que as águas não se pareciam adequadas biologicamente para a sobrevida daquelas garças. E se minha hipótese estivesse correta? E se as águas fossem mesmo impróprias em termos de balneabilidade? Como então aquelas garças se alimentariam dos peixes existentes ali sem correr risco de contaminação? Será que havia mortandade de garças por ali? Os peixes daquela área poderiam está contaminados por algum elemento/produto presente nas águas e que por bio-acumulação estariam passando para quem os consumisse como alimento e assim, possivelmente prejudicando a saúde da biota (fauna e flora) aquática da área.

Se essa hipótese for verdadeira, as aves bem como qualquer animal ou mesmo o homem que venha a se alimentar de peixes, crustáceos dentre outros animais, estariam contaminados. As garças que me chamaram a atenção devem padecer pelo menos de vez em quando, isso quando chega mais água no trecho do rio ou quando em época de menos água/estiagem? Para me intrigar mais, observei uma placa: proibido nadar e pescar. Com todas estas dúvidas pairando sobre mim, continuávamos a andar pelo passeio da margem do rio e a inferir possibilidades.     
Proibido nadar e pescar                                                                     Pombo
Passamos por um guarda municipal. Resolvemos rapidamente, entrevistá-lo e tentar com ele esclarecer sobre os possíveis problemas ambientais que eu estava vendo. Ele nos respondia com muita parcimônia e calma. Ponderava as palavras. Nos informou que a Prefeitura de Tigre providenciava alimento diário (peixe) para as aves e que as águas daquele trecho realmente não eram de boa qualidade e que inclusive costumava em certa época do ano morrer aves contaminadas pelo o que comiam no rio. Perguntei mais, ele disse que não sabia ao certo.
Sentimos fome e resolvemos sentar e almoçar num daqueles diversos restaurantes que surgia a medida que andávamos....
 Já no restaurante, conversando com a simpática garçonete toquei no assunto das águas do rio de novo e ela prontamente respondeu: que pessoas que não tinham água tratada em casa (moradores da zona rural) colocavam pastilhas de sulfato de alumínio e de cobre no reservatório de água de casa para melhorar a qualidade das águas, um outro senhor de atendimento de serviço tentou me explicar,  o porque da cor, turbidez e material em suspensão na água, dizendo que aquelas águas vinham do rio Paraná e que traziam muito material em suspensão pois, elas iam se dirigindo para a foz e que dali em diante elas iam ficando salobras. Para explicar melhor o que tentava me explicar, me mostrou um mapa que ele tinha em sua barraca de vendas e que eu fiz a foto que aqui apresento abaixo.
 
Entrevistando guarda municipal                    Mapa dos recursos hídricos da área
                                                 Clubes
Anotando as informações do entrevistado             Almoçando (eu e Mary)
  

  

3) Epílogo
Num esforço criativo de síntese da viagem em termos de experienciar pessoalmente e com observação direta, o que considerei mais significativo para mim, no caminho percorrido e o que mais me comoveu foi tentar entender e interpretar o que possivelmente poderia está acontecendo com o rapaz e a senhora que se encontraram no trem, tentar perceber o que eles poderiam está conversando, o que significaria para eles aquele encontro ou reencontro ou seria um confronto?
Para realizar essa experiência me despojei de alguns preconceitos e dificuldades e tentei manter contato com os diversos segmentos que surgiram ao longo da viagem, confrontei algumas coisas em termos de proporção que adquire as possibilidades e daí, expandi a minha mente presentando o que relato neste trabalho.
Concluo assim que a observação pode nos levar a possibilidades de generalização,  de subjetividade, decorrente da proximidade entre o observador e os observados e o caráter descritivo e narrativo de seus resultados.

Extracto de: Luis Villoro, Creer, Saber, Conocer. México, Siglo XXI, 1982
“…. ¿Qué es conocimiento? Pero esa pregunta puede tener sentidos diferentes que obligan a respuestas distintas. El conocimiento es un proceso psíquico que acontece en la mente de un hombre; es también un producto colectivo, social, que comparten muchos individuos. Puedo interrogar por las relaciones de ese proceso con otros hechos psíquicos y sociales, por su inserción en determinadas cadenas causales de acontecimientos que lo expliquen. A la pregunta se respondería poniendo a la luz la génesis, el desarrollo y las consecuencias del conocimiento. Ésa es tarea de diferentes ciencias. A la fisiología y a la psicología correspondería determinar los principios que explicaran el conjunto de procesos causales que originan el conocimiento, desde la sensación a la inferencia, así como su función en la estructura de la personalidad. A las ciencias sociales interesaría descubrir los condicionamientos sociales de los conocimientos compartidos y analizar las funciones que cumplen en el mantenimiento o transformación de las estructuras sociales. En cualquier caso, las ciencias intentarán responder fraguando teorías que den razón de las causas, funciones, resultados de ciertos hechos. ¿Y qué tiene que ver la filosofía con causas y efectos de hechos? Ése es asunto del conocimiento empírico y cuando la filosofía ha do suplirlo sólo ha engendrado caricaturas de ciencia......”

Por eso, Kant inicia la Crítica de la Razón Pura de la siguiente manera: “No hay duda alguna de que todo nuestro conocimiento comienza con la experiencia. Pues, ¿por dónde iba a despertarse la facultad de conocer, para su ejercicio, como no fuera por medio de objetos que hieren nuestro sentidos y ora provocan por sí mismos representaciones, ora ponen en movimiento nuestra capacidad intelectual para compararlos, enlazarlos o separarlos y elaborar así, con la materia bruta de las impresiones sensibles, un conocimiento de los objetos llamado experiencia? … Ningún conocimiento precede en nosotros a la experiencia y todo conocimiento comienza con ella. Más si bien todo nuestro conocimiento comienza con la experiencia, no por eso se origina todo él de la experiencia. Pues bien podría ser que nuestro conocimiento de experiencia fuera un compuesto de lo que recibimos por medio de las impresiones y de lo que nuestra propia facultad de conocer (con ocasión tan sólo de las impresiones sensibles) proporciona por sí misma” (cit. Por Carpio, A.: o.c, p. 235).
Parte de la Crítica de la Razón Pura que trata del análisis de lo que el entendimiento  conoce antes  de toda experiencia. ¿Qué condiciones a priori supone el conocimiento intelectual? Propio de la sensibilidad es sentir objetos; propio del entendimiento,  pensarlos. Frente a la pasividad de la sensibilidad, el entendimiento posee espontaneidad y  creatividad. La crítica a la razón supone investigar cuáles son los elementos a priori del entendimiento, o cuáles son las condiciones necesarias que se añaden a las de la sensibilidad para constituir la experiencia:
Nuestro conocimiento surge básicamente de dos fuentes del psiquismo: la primera es la facultad de recibir representaciones (receptividad de las impresiones); la segunda es la facultad de conocer un objeto a través de tales representaciones (espontaneidad de los conceptos). A través de la primera se nos da un objeto; a través de la segunda, lo pensamos en relación con la representación (como simple determinación del psiquismo). La intuición y los conceptos constituyen, pues, los elementos de todo nuestro conocimiento, de modo que ni los conceptos pueden suministrar conocimiento prescindiendo de una intuición que les corresponde de alguna forma, ni tampoco puede hacerlo la intuición sin conceptos. [...] Si llamamos sensibilidad a la receptividad que nuestro psiquismo posee, siempre que sea afectado de alguna manera, en orden a recibir representaciones, llamaremos entendimiento a la capacidad de producirlas por sí mismo, es decir, a la espontaneidad del conocimiento. Nuestra naturaleza conlleva el que la intuición sólo pueda ser sensible, es decir, que no contenga sino el modo según el cual somos afectados por objetos. La capacidad de pensar el objeto de la intuición es, en cambio, el entendimiento. Ninguna de estas propiedades es preferible a la otra: sin sensibilidad ningún objeto nos sería dado y, sin entendimiento, ninguno sería pensado. Los pensamientos sin contenidos son vacíos; las intuiciones sin conceptos son ciegas.( Crítica de la razón pura, Lógica Trascendental, Segunda parte, B 75, Alfaguara, Madrid 1988, 6ª ed., p. 92-93).
Conclusão final:
Descartes, al proponer el Cogito, ergo sum y con Kant, al establecer lo que puede llamarse el "plano trascendental". En el primer caso, conocer es partir de una proposición evidente (que es a la vez resultado de una intuición básica). En el segundo caso, conocer es sobre todo "constituir", es decir, constituir el objeto en cuanto objeto de conocimiento.

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