Por: Sonia Regina Silva Portugal
Janeiro de 2013
USAL/Buenos Aires
Disciplina - Epistemologia e Educação
1) Prólogo
Na manhã do primeiro domingo de Julho de 2012, logo
bem cedo eu e minha irmã Mary que também é aluna do mestrado e que cursa junto
comigo e na mesma turma a disciplina ora em questão, após conversarmos no
apartamento do hotel em que estávamos hospedadas, ainda na cama, decidíamos que
naquele dia, iríamos iniciar o segundo trabalho teórico-prático da disciplina, Epistemiologia
y Educación.
Segundo trabalho, porque já tínhamos realizado e
apresentado um anterior, que foi prático e realizado em grupo através de
experiência de conhecimento e de experimentação, o qual apresentamos na sala de
aula em forma de seminário e por escrito. Agora, vem o desafio desta monografia
integradora, solicitada como tarefa para ser realizada com elaboração teórica
individual, pelo professor Luis Etcheverry.
Nos ajeitamos em nossas camas e com a consigna da
disciplina em mãos começamos a analisar aquele documento de novo e num esforço
de síntese, depois de rever a lista de experiências propostas, começamos a elocubrar
sobre o que poderíamos fazer. Analisamos e reanalisamos os temas colocados.
Eram muitos. Eram trinta e seis temas que nos inquietava, e nos deixava
angustiadas. Analisamos de novo e começamos a ver o que poderia nos motivar
mais e assim, chegamos a um denominador comum: vamos então fazer uma viagem de
trem? Tá bem. Nos dissemos.
Eu já havia
conhecido muito rapidamente a Estação Retiro bem como, alguns trechos da viagem
até o Tigre mas, poderia fazer esta viagem de novo vendo e observando sob um novo
ângulo, isto é, sob um novo olhar.....
Vamos então para
a Estação Retiro, dissemos juntas, e de lá seguimos observando, nos aproximando,
experienciando a presentação de uma viagem de trem de Buenos Aires ao município
de Tigre. Decidimos pela a idéia-força de que iríamos juntas presentear uma
viagem de trem da Estação Retiro em Buenos Aires a Estação Retiro do Município
de Tigre mas, que nossas impressões, registros e elaboração teórica do trabalho
seria pessoal e individual. Isto combinado, levantamos da cama e bastante
motivadas fomos nos aprontar para enfrentar de forma contente o desafio para o
qual estávamos nos propondo.
Me coloquei a
pensar enquanto me aprontava, se ao final da viagem ainda concordaria com o
mesmo conceito de experiência, do autor Heidegger que nos diz, que fazer una experiência significa que algo nos passa, nos ocorre, que algo
nos alcança, nos tomba, nos possui e transforma.
A motivação
para selecionar o tema, Estação Retiro. Viajar de trem a Tigre, Presentação de Viagem de Trem de Buenos
Aires ao município de Tigre, foi a de rever e reconhecer locais já
visitados pois, a visita anterior havia ocorrido de forma rápida e sem maiores
registros sobre os cenários que se despontam ao longo da viagem e agora, havia
a perspectiva de visitar de novo e com um novo olhar onde eu pudesse observar
melhor, experienciar a presentação com uma maior aproximação não somente do
ambiente que vai se descortinando pelas janelas do trem mas, também com a perspectiva de prováveis interrelações que
se pode estabelecer entre as pessoas que circulam na área e com o meio ambiente
e a partir daí, construir o meu próprio conceito de experiência, a cerca das
localidades que se descortinam ao viajante ao longo dos trilhos e do município
de Tigre pessoas que passam, que vão e vem, que permanece por alguns minutos,
outras que seguem depressa, outras param.
O método desta monografia integradora será de Abordagem Qualitativa
Descritiva utilizando a máquina fotográfica para registrar cenas quotidianas
que me chamem a atenção
A metodologia da Abordagem Qualitativa Descritiva foi definida por
Minayo (2007), como aquela capaz de incorporar a questão do significado e da
intencionalidade como os atos, as relações e as estruturas sociais. Tendo a
potencialidade de aprender e analisar os acontecimentos, as relações, os
momentos e o processo como parte de um todo.
Justifica-se a eleição deste método, por ele apresentar
objetivo descritivo e exploratório que possibilitará a observadora pesquisadora, contemplar
os acontecimentos e os momentos dos sujeitos observados, facilitando a
observação direta e entrevista.
...”Si conozco directamente que algo existe, este
conocimiento directo me proporciona el conocimiento de que algo existe. Pero no
es verdad, recíprocamente, que para que pueda saber que algo determinado
existe, yo o alguien deba haber conocido directamente la cosa. Lo que ocurre,
cuando enuncio un juicio verdadero sin conocimiento directo, es que la cosa me
es conocida por descripción o referencia [conocimiento proposicional], y que,
en virtud de algún principio general, la existencia de la cosa correspondiente
a esta descripción puede ser inferida de algo que conozco directamente....” (Bertrand
Russell: Los problemas de la filosofía,
Barcelona, Labor, Barcelona 1978, 5ª ed., p. 43-45).
2) Desenvolvimento
Luis
Etcheverry, em seu texto: Que significa hacer uma experiência? Coloca que
“Nesse primeiro sentido o fazer parece adquirir um caráter passivo, porque
sofremos, somos afetados, somos abordados por esse algo, a qual aceitamos, ao
qual nos submetemos, e pelo o qual nos deixamos abater. No entanto, nós tomamos
o que nos alcança receptivamente. Assim, é que algo acontece, tem lugar, se
faz”. E continua se colocando quando
diz, "Note-se que, visto assim o fazer uma experiência de algo é um
movimento que não se origina de mim que faz ou produz a experiência com a sua
vontade - como se a vontade flutuasse em um vazio e em um determinado momento
ocorrera fazê-la do nada. Em vez disso, fazer uma experiência de algo suponhe-se
uma primeira renúncia ao meu pretendido voluntarismo.
De fato, se ignorarmos o voluntarismo e nos dispormos
de modo receptivo-passivo para que esse algo aconteça, a obra será fruto de um
diálogo vinculante com o mundo. Acontecerá a obra em um espaço-tempo de jogo
entre os vículos, a saber, em um vínculo de: 1) a obra com a natureza, de 2) a obra com o sagrado, de 3) a obra comigo
mesmo, e de 4) a obra com os outros (espectadores/co-criadores).
Pensado desta maneira fazer uma experiência é andar e desandar os
caminhos para retornar própria e explicitamente a esse lugar onde já nos
encontramos. E esse lugar ou região é o mundo onde a obra acontece em diálogo
vinculado e vinculante. Para trazer à tona o que se pensa, demos lugar para a
experiência a partir da leitura de um relato.
Neste caso, o relato será o meu: Presentação de
Viagem de Trem de Buenos Aires ao município de Tigre.
Saímos do hotel em direção a um ponto de ônibus, estávamos indo para a
Estação Retiro. O dia estava nublado, cinzento e frio. Pegamos o ônibus e
descemos em frente a estação, parei um pouco ali e fiz o meu primeiro registro
fotográfico, logo me deparei com um
lindo exemplar de árvore em plena floração, solicitei a Mary que fizesse uma
foto minha em baixo daquela árvore. Daí em diante, fui registrando com
fotografia tudo que me chamava a atenção e desde já sabia que este trabalho
teria mais páginas do que havia sugerido o professor.
Primeiro registro (Estação
Retiro) A beleza de uma
árvore em floração
Atravessamos a avenida e entramos na estação. Registrei a chegada do trem, passageiros
entrando no vagão e ainda pedi para um passageiro fazer a nossa foto (eu e
Mary) Já acomodadas para a viagem.
O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o
pesquisador é o nstrumento-chave. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados
indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de
abordagem (LAKATOS et al, 1986).
Verifica uma relação dinâmica entre o mundo real e o
sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a
subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números (MINAYO, 2007).
Registro dos roteiros das estações que passamos nesta viagem da estação
de Retiro a Tigre.
Começa a viagem e constato que realmente a observação permite a coleta
de dados em situações em que é impossível estabelecer outras formas de
levantamento ou outras formas de comunicação e que permite também que o
observador chegue mais perto da perspectiva dos sujeitos que naquele momento se
revelava de grande utilidade na descoberta e especulação de aspectos novos.
Comecei então, a observar as pessoas que entravam no trem e se
movimentavam procurando um lugar para se acomodar e comecei a me deixar levar
de forma passiva-receptiva por uma experiência vincular com aquele mundo que se
instalava naquele momento.
O que eu fui vendo e observando e que me chamou a atenção fui
registrando com fotos e tentando perceber e entender o que podia está
acontecendo com aquelas pessoas e naquele momento, assim desta forma
representarei esta minha experiência.
O trem andava rápido e logo já chegava na próxima estação, Retiro- L. de
La Torre e me chamou a atenção propagandas, favelização na saída da estação L.
de la Torre. Um cantor se apresentou cantando três músicas portenhas e nos
pediu uma ajuda com dinheiro. Aparecia muros pichados.
Propagandas Cantor
se apresentando dentro do trem
Cenário visto da janela do trem
Pichações
Nova amiga (Grece) Tocador de acordeom
Sentada na nossa frente uma bonita moça que viajava sozinha e observei
que ela prestava muita atenção nos passageiros e nos arredores. Puxei conversa
com ela e num esforço comunicativo perguntei para ela para onde estava indo e
se ela já havia feito aquela viagem antes.
Ela muito tímida, me disse que se chamava Grece, tinha 17 anos e que
estava fazendo aquela viagem pela primeira vez e que aproveitava o domingo para
conhecer aquele roteiro de viagem. Conversamos outras coisas banais e contei
para ela que eu era estudante do mestrado da USAL e que estava ali muito
interessada na viagem pois, ela seria apresentada como tarefa de uma
disciplina. Ela achou isso interessante e conversamos um pouco mais, pedi a ela
para fotografá-la e lhe perguntei se haveria algum problema de colocar a foto
dela no meu trabalho, ela disse que não haveria problema.
Um senhor, já idoso se preparava e se apresentou tocando acordeom. Demos
uns trocados para ele.
Comecei a prestar mais atenção em duas pessoas que estavam próximo de
nós. Essas pessoas me intrigaram muito pois, o rapaz entrou numa estação e logo
na próxima entrou a senhora. Eles se encontraram demonstrando muita emoção
naquele encontro e conversavam baixinho e muito próximo um do outro, depois se
abraçaram por longo tempo, eu comecei a imaginar quem seria aquelas pessoas, que
representavam um para o outro? que laços os uniam? Será que eram mãe e filho?
ou tia e sobrinho? ou alguém que tentava cuidar de outro a pedido de algum
parente ou amigo? Minha imaginação e elucubração foram longe e comentei com
Mary o quanto aquelas cenas estavam me intrigando e minha curiosidade ficava
maior ainda porém, respeitei aquele momentos deles e observava e registrava a
uma certa distância. Assim, as cenas registradas por mim, a baixo postadas me
impressionaram muito e me comoveram.
O encontro com amor.
Por longos minutos, o rapaz de casaco preto e a senhora de blusa listada
mantiveram-se abraçados. Um outro casal me chamou a atenção. Se abraçavam, se
beijavam e logo depois desceram na Estação Beccar. Paralelo a isso, uma senhora
de casaco vermelho passava pelos vagões vendendo doces e guloseimas.
O encontró com amor.
Conocer
y saber
..”«Conocer»
puede distinguirse de «saber» y, en sentido estricto debe hacerse. En este
supuesto, «conocer» indica un contacto consciente con el objeto conocido a
través de la experiencia y, en concreto, de la percepción, en oposición a
«saber» que es un conocimiento por conceptos e ideas. Saber es, así, exclusivo
y propio del hombre, mientras que tanto los hombres como los animales conocen.
Se conocen cosas; se sabe verdades o proposiciones verdaderas. «Conocer» es,
además, un proceso perceptivo directo e inmediato, que se justifica por sí
mismo; «saber», en cambio, es un proceso indirecto, mediato e inferencial, esto
es, apoyado en razones...” (Conocimento, material de la cátedra sobre la base
de Cortés Morató, Jordi y martinenez Riu, Antoni: Dicionario de Filosofia, barcelona,
Editorial herder, 1996).
Agora
lembrando das cenas do quotidiano vistas naquele dia, posto abaixo mais duas
fotos de casal. Penso: é o amor! Adiante, em outra estação vejo outro casal.
Passamos pela
estação Rivadávia, logo chegamos a Vicente Lopez. Eu continuava observando ao
meu redor e as paisagens passavam por mim?
Ou eu passava por elas?
Paisagens
vistas pelas janelas do trem.
Passamos em outras diversas estações e
por fim chegamos ao Tigre, como postado abaixo. Descemos finalmente a Estação de Trem TBA – Tigre
Railroad Station.
Descemos e
seguimos vendo as coisas e observando, fomos em direção a ponte Sacriste que se
conecta com com as Avenidas Cazón e Libertador, seguindo e pela esquerda pela
rua Lavalle e ai descemos andando bordeando pelo o passeio da margem do rio
Tigre. Cenas quotidianas foram aparecendo como: Pedinte sentado no chão do
passeio bebendo refrigerante com bebida
alcóolica numa demostração de evidência daquele homem está com problema social.
Logo depois, nos deparamos com quadros muito mais otimistas e simpáticos.
Um grupo fazendo um pik-nik, grupo de
jovens no parque, pai com filha em parquinho de diversão, lazer no rio. Museus,
clubes, pessoas fazendo cooper entre outras interessantes cenas de todo dia.
Lazer
no rio Tigre
Notamos que as águas do rio Tigre
estavam turbulentas e a olho nú, pareciam sujas, isto é, água de má qualidade
em termos de balneabilidade. Ai ressurge o meu senso de bióloga que já
trabalhou alguns anos com qualidade de águas e observo com mais critério e afinco
e vejo aves no rio, garças pretas (biguás) e nas proximidades pombos. Tentei
fotografar as garças mas, não consegui.
Conversei com Mary, sobre minha
inquietação sobre a qualidade das águas do rio Tigre, donde elas poderiam estar
vindo, em termos de bacia hidrográfica e que afluentes (cursos de água-rio/riacho/córrego, entram e se juntam as águas daquele
rio) e efluentes (resíduos/produtos resultantes de atividades industriais, esgotos domésticos/hospitalares e
agrossilvopastoril) poderiam estar sendo lançados naquele rio, qual soma em termos de índices de qualidade de água e parâmetros
físico-químicos, biológicos e de agrotóxicos, estavam presentes contaminando
aquelas águas?
Deduzi, que pelo menos naquele trecho
do rio em que visualizávamos apenas a olho nú e com apenas com parâmetros de
aparência, cor e turbidez, que as águas não se pareciam adequadas
biologicamente para a sobrevida daquelas garças. E se minha hipótese estivesse
correta? E se as águas fossem mesmo impróprias em termos de balneabilidade? Como
então aquelas garças se alimentariam dos peixes existentes ali sem correr risco
de contaminação? Será que havia mortandade de garças por ali? Os peixes daquela
área poderiam está contaminados por algum elemento/produto presente nas águas e
que por bio-acumulação estariam passando para quem os consumisse como alimento
e assim, possivelmente prejudicando a saúde da biota (fauna e flora) aquática
da área.
Se essa hipótese for verdadeira, as
aves bem como qualquer animal ou mesmo o homem que venha a se alimentar de
peixes, crustáceos dentre outros animais, estariam contaminados. As garças que
me chamaram a atenção devem padecer pelo menos de vez em quando, isso quando
chega mais água no trecho do rio ou quando em época de menos água/estiagem? Para
me intrigar mais, observei uma placa: proibido nadar e pescar. Com todas estas
dúvidas pairando sobre mim, continuávamos a andar pelo passeio da margem do rio
e a inferir possibilidades.
Proibido nadar e pescar Pombo
Passamos por um guarda municipal.
Resolvemos rapidamente, entrevistá-lo e tentar com ele esclarecer sobre os
possíveis problemas ambientais que eu estava vendo. Ele nos respondia com muita
parcimônia e calma. Ponderava as palavras. Nos informou que a Prefeitura de
Tigre providenciava alimento diário (peixe) para as aves e que as águas daquele
trecho realmente não eram de boa qualidade e que inclusive costumava em certa
época do ano morrer aves contaminadas pelo o que comiam no rio. Perguntei mais,
ele disse que não sabia ao certo.
Sentimos fome e resolvemos sentar e
almoçar num daqueles diversos restaurantes que surgia a medida que
andávamos....
Já no restaurante, conversando com a simpática
garçonete toquei no assunto das águas do rio de novo e ela prontamente
respondeu: que pessoas que não tinham água tratada em casa (moradores da zona
rural) colocavam pastilhas de sulfato de alumínio e de cobre no reservatório de
água de casa para melhorar a qualidade das águas, um outro senhor de
atendimento de serviço tentou me explicar,
o porque da cor, turbidez e material em suspensão na água, dizendo que
aquelas águas vinham do rio Paraná e que traziam muito material em suspensão
pois, elas iam se dirigindo para a foz e que dali em diante elas iam ficando
salobras. Para explicar melhor o que tentava me explicar, me mostrou um mapa
que ele tinha em sua barraca de vendas e que eu fiz a foto que aqui apresento
abaixo.
Entrevistando guarda municipal
Mapa dos recursos hídricos da
área
Clubes
Anotando as informações do
entrevistado Almoçando (eu e
Mary)
3) Epílogo
Num esforço criativo de síntese da viagem em termos de experienciar
pessoalmente e com observação direta, o que considerei mais significativo para
mim, no caminho percorrido e o que mais me comoveu foi tentar entender e interpretar
o que possivelmente poderia está acontecendo com o rapaz e a senhora que se
encontraram no trem, tentar perceber o que eles poderiam está conversando, o
que significaria para eles aquele encontro ou reencontro ou seria um confronto?
Para realizar essa experiência me despojei de alguns preconceitos e
dificuldades e tentei manter contato com os diversos segmentos que surgiram ao
longo da viagem, confrontei algumas coisas em termos de proporção que adquire
as possibilidades e daí, expandi a minha mente presentando o que relato neste
trabalho.
Concluo assim
que a observação pode nos levar a possibilidades de generalização, de subjetividade, decorrente da proximidade
entre o observador e os observados e o caráter descritivo e narrativo de seus
resultados.
Extracto
de: Luis Villoro, Creer, Saber, Conocer. México, Siglo XXI, 1982
“…. ¿Qué es
conocimiento? Pero esa pregunta puede tener sentidos diferentes que obligan a
respuestas distintas. El conocimiento es un proceso psíquico que acontece en la
mente de un hombre; es también un producto colectivo, social, que comparten
muchos individuos. Puedo interrogar por las relaciones de ese proceso con otros
hechos psíquicos y sociales, por su inserción en determinadas cadenas causales
de acontecimientos que lo expliquen. A la pregunta se respondería poniendo a la
luz la génesis, el desarrollo y las consecuencias del conocimiento. Ésa es
tarea de diferentes ciencias. A la fisiología y a la psicología correspondería
determinar los principios que explicaran el conjunto de procesos causales que
originan el conocimiento, desde la sensación a la inferencia, así como su
función en la estructura de la personalidad. A las ciencias sociales
interesaría descubrir los condicionamientos sociales de los conocimientos
compartidos y analizar las funciones que cumplen en el mantenimiento o
transformación de las estructuras sociales. En cualquier caso, las ciencias
intentarán responder fraguando teorías que den razón de las causas, funciones,
resultados de ciertos hechos. ¿Y qué tiene que ver la filosofía con causas y
efectos de hechos? Ése es asunto del conocimiento empírico y cuando la
filosofía ha do suplirlo sólo ha engendrado caricaturas de ciencia......”
Por eso, Kant inicia la Crítica de la Razón Pura de la
siguiente manera: “No hay duda alguna de
que todo nuestro conocimiento comienza con la experiencia. Pues, ¿por dónde iba
a despertarse la facultad de conocer, para su ejercicio, como no fuera por
medio de objetos que hieren nuestro sentidos y ora provocan por sí mismos representaciones,
ora ponen en movimiento nuestra capacidad intelectual para compararlos,
enlazarlos o separarlos y elaborar así, con la materia bruta de las impresiones
sensibles, un conocimiento de los objetos llamado experiencia? … Ningún
conocimiento precede en nosotros a la experiencia y todo conocimiento comienza
con ella. Más si bien todo nuestro conocimiento comienza con la experiencia, no
por eso se origina todo él de la experiencia. Pues bien podría ser que nuestro
conocimiento de experiencia fuera un compuesto de lo que recibimos por medio de
las impresiones y de lo que nuestra propia facultad de conocer (con ocasión tan
sólo de las impresiones sensibles) proporciona por sí misma” (cit. Por
Carpio, A.: o.c, p. 235).
Parte de la Crítica de la Razón Pura que trata del análisis
de lo que el entendimiento conoce
antes de toda experiencia. ¿Qué
condiciones a priori supone el conocimiento intelectual? Propio de la
sensibilidad es sentir objetos; propio del entendimiento, pensarlos. Frente a la pasividad de la
sensibilidad, el entendimiento posee espontaneidad y creatividad. La crítica a la razón supone
investigar cuáles son los elementos a priori del entendimiento, o cuáles son
las condiciones necesarias que se añaden a las de la sensibilidad para
constituir la experiencia:
Nuestro
conocimiento surge básicamente de dos fuentes del psiquismo: la primera es la
facultad de recibir representaciones (receptividad de las impresiones); la
segunda es la facultad de conocer un objeto a través de tales representaciones
(espontaneidad de los conceptos). A través de la primera se nos da un objeto; a
través de la segunda, lo pensamos en relación con la representación (como
simple determinación del psiquismo). La intuición y los conceptos constituyen,
pues, los elementos de todo nuestro conocimiento, de modo que ni los conceptos
pueden suministrar conocimiento prescindiendo de una intuición que les
corresponde de alguna forma, ni tampoco puede hacerlo la intuición sin
conceptos. [...] Si llamamos sensibilidad a la receptividad que nuestro
psiquismo posee, siempre que sea afectado de alguna manera, en orden a recibir
representaciones, llamaremos entendimiento a la capacidad de producirlas por sí
mismo, es decir, a la espontaneidad del conocimiento. Nuestra naturaleza conlleva
el que la intuición sólo pueda ser sensible, es decir, que no contenga sino el
modo según el cual somos afectados por objetos. La capacidad de pensar el
objeto de la intuición es, en cambio, el entendimiento. Ninguna de estas
propiedades es preferible a la otra: sin sensibilidad ningún objeto nos sería
dado y, sin entendimiento, ninguno sería pensado. Los pensamientos sin
contenidos son vacíos; las intuiciones sin conceptos son ciegas.( Crítica de la razón pura, Lógica Trascendental, Segunda
parte, B 75, Alfaguara, Madrid 1988, 6ª ed., p. 92-93).
Conclusão final:
Descartes,
al proponer el Cogito, ergo sum
y con Kant, al establecer lo que puede llamarse el "plano
trascendental". En el primer caso, conocer es partir de una proposición
evidente (que es a la vez resultado de una intuición básica). En el segundo
caso, conocer es sobre todo "constituir", es decir, constituir el
objeto en cuanto objeto de conocimiento.
4 ) Referencias Bibliográficas
BARBOSA, A. M. Ciência e Experiência: Um ensaio sobre fenomenologia do espírito de Hegel (
recurso eletrônico) Porto Alegre, EDIPUCS, 2010
BORGES,
Jorge Luis, El hacedor, en Obras
Completas, tomo II, Emecé, Barcelona,
1996, p.186.
BERNSTEIN, Richard J. La
reestruturação de la teria social y politica. Fundo de Cultura Economica,
Mexico, 1983.
Borsotti, Carlos, (2004), Esquema para
la formulación de un proyecto de investigación, Universidad Nacional de Luján,
Departamento de Educación, Luján.
BOURDIER Pierre, Chamboredon ,Jean-Claude e
Passeron ,Jean-Claude . El oficio de
sociólogo de Madri, Sigilo. 1975.
Carvalho, Isabel Cristina de Moura. Educação Ambiental: a formação do
sujeito ecológico. São Paulo. 2004.
Chizzotti A. Pesquisa qualitativa em ciências
humanas e sociais. Petrópolis:
Vozes; 2006:135.
Coraggio, José Luis, Diagnóstico y Politica en la
Planificacion Regional. Buenos Aires. 1987.
Coraggio, José Luis, “Diagnóstico y
Política en la Planificación Regional (aspectos metodológicos)”, en Hintze,
Susana, (org.), Políticas sociales. Contribución al debate teórico
metodológico, CBC- UBA, Buenos Aires. 1996.
Conselho Nacional de Saúde. Resolução Nº 196 de 10 de
Outubro de 1996. Brasil.
Cf.
HEIDEGGER, Martin, De camino al Habla,
trad. Yvess Zimmermann, Odos, Madrid, 1987, pp.143 y ss.
Cf. REBOK, María Gabriela, Propuesta de una Antropología desde la vincularidad en Actas III
del Congreso Nacional de Filosofía, U.B.A., Buenos Aires, 1982, TII, pp. 56-57.
7. DE LANDSHERE, G. La investigación
Experimental en Educación. Suiza: UNESCO, 1982.
ETCHEVERRY, L.M. Epistemologia y Educación – ICC- USAL . Julio 2012.
____________ L.M. Método zen de estúdio a partir de Shunryu
Suzuki.
Julio 2012-12-07.
____________, L.M. Intruducion a “ Qué es um concepto? ” de G. Deleuze y F. Guattari.
Julio 2012.0.
____________, L.M. ?Qué
significa hacer uma experiência?- Julio 2012.
____________, L.M. Seleccion de Textos de La estructura de las
revoluciones cientificas . De Thomas Kuhn. Julio de 2012.
_____________, L.M. De “Shopenhauer
como educador”. Tercera Consideración
Intempestiva. Publicada em Madrid, em septiembre de 1999. Julio 2012.
GARNICA, A. V. M. O escrito e o oral: uma discussão inicial
sobre os métodos da História. Ciência e Educação, Bauru, v. 5, n. 1, p.
27-35, 1998. Disponível em: http:// www2.fc.unesp.br/cienciaeeducacao/viewarticle.php?id=158
.
NFD/UNICEF.
Organización
de Estados Iberoamericanos. Documento Metodológico Orientador para la
Investigación Educativa.2008. Buenos Aires.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Página visitada em Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 20 de outubro de 2012. Censo
demográfico 2010. Indicadores Sociais Municipais. Mapa de Pobreza e
Desigualdades, Municípios Brasileiros 2003. Produto Interno Bruto dos
Municípios 2009.
JAPIASSU, H. MARCONDES, D. Dicionário Básico de Filosofia – 3ª Edição. Jorge Zahar Editor,
Rio de Janeiro, 2001.
KAFKA, Franz, El
castillo, trad. D.J.Vogelmann, Booket, Bs.As., 2004, p.17.
__________, La
metamorfosis y otros relatos, trad. J.Izquierdo, Orbis,Bs.As, 1982, p.152
LAKATOS, E. M.;
MARCONI, M. A.: Fundamentos de
Metodologia Científica. São Paulo. Ed. Atlas, 1985.
Lüdke M, André MEDA.
Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU;1986Gil AC. Como
elaborar projetos e pesquisa. 3a ed. São Paulo: Atlas; 1995:58.
MUJICA, Hugo, Testimonios
de fin del milenio.Reportaje por Ana Emilia Lahitte, Vinciguerra, Bs.As.,
1997, p.20.
_______________, Lo naciente. Pensando el acto
creador, Pretextos, Valencia, 2007.
MINAYO, M. C. de S. O desafio do conhecimento:
pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo, Hucitec-Abrasco,
1992.
Yin R. Estudo de caso:
planejamento e métodos. 2a ed. Porto Alegre: Bookman; 2001.
YOURCENAR,
Marguerite, Memorias de Adriano, trad.
Julio Cortázar, Sudamericana, Madrid, 1995, p.104.12.
Peroni, Nivaldo.
Coleta e Análise de Dados Quantitativos em Etnobiologia: Introdução ao Uso de
Métodos Multivariados. UNICAMP.
Popper, K.S. A Lógica da Pesquisa
Científica. 2ª Edição. São Paulo: Cultrix, 1975.
Pievi, Néstor. Documento
MetodológicoOorientador para la Investigación Educativa / Néstor Pievi y Clara
Bravin. - 1a ed. - Buenos Aires : Ministerio de Educación de la Nación, 2009. 364 p. ; 24x17 cm.
Reigota, Marcos. Meio
ambiente e representação social. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1997.
Sautu, R: Manual de metodología:
construcción del marco teórico, formulación de los objetivos y elección de la
metodología, Buenos Aires, FLACSO, colección Campus Virtual, 2005.
SCHWOB, Marcel, La
cruzada de los niños, Nuevo Siglo, Bs.As, 1997, p.7.
Stake RE. Case studies. In: Denzin NK, Lincoln YS
(eds). Handbook of qualitative research. London: Sage; 2000:436.
SHUSTER, Frederico L.Teoria y método de La ciência política em El contexto
de La filosofia de La ciência posempirista, POST Data, Buenos Aires, pg. 11 a
36 Julio, 2000
WAINERMAN C, SAUTU R. La Trastienda de
La Investigacion, Editorial de Belgrano.1997.
WEBER, M. Economia e Sociedad, Esbozo de uma
sociologia compreensiva. Fundo de Cultura Econômica, México, 1977.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário