quarta-feira, 26 de setembro de 2012

VII Fórum Internacional de Desenvolvimento Territorial "Dinâmicas Rurais Contemporâneas no Brasil e Políticas Públicas"

Interessados de todas as esferas da sociedade já podem se inscrever para participar da sétima edição do Fórum Internacional de Desenvolvimento Territorial cujo tema é "Dinâmicas Rurais Contemporâneas no Brasil e Políticas Públicas". O evento será realizado de 11 a 14 de novembro, na Universidade do Parlamento Cearense (Unipace), em Fortaleza (CE). A inscrição é gratuita. 
 Realizado anualmente desde 2006, o Fórum Internacional de Desenvolvimento Territorial é um espaço democrático com presença da sociedade civil, entidades não governamentais, instituições públicas, meio acadêmico e aberto à participação popular nacional (associações, cooperativas, ONGs, etc) e de outros países do continente. 

O objetivo dessa edição é promover um debate estruturado com vistas a construção de tipologias dos espaços rurais e analisar suas implicações sobre as políticas públicas.

PROGRAMAÇÃO PRELIMINAR:
Dia 11 de novembro de 2012
17h00 ás 18h00 Credenciamento
18h00 às19h00 Abertura, com mesa diretora composta pelas autoridades presentes.
19h00 às 20h00
Palestra Magna: Desenvolvimento Nacional, dinâmicas rurais contemporâneas
no Brasil e políticas públicas.
Conferencista Prof. Luciano Coutinho, Presidente do BNDES.
20h00 ás 22h00 Coquetel de Abertura
Dia 12 de novembro de 2012
09h00 às 09h30
Contextualização e apresentação do VII Fórum a cargo da Coordenação do
evento.
Introdução ao tema – Nelson Delgado e Sérgio Leite, Professores da
UFRRJ/CPDA/OPPA.
10h30 às 11h00 Coffee Break
11h00 às 13h00
Painel I: As experiências européias – Espanha, França e Holanda.
Coordenação – Manuel Otero, Representante do IICA no Brasil
Painelistas:
Rosa Gallardo, Universidade de Cordoba, Espanha.
Phillipe Bonnal, Cirad, França.
Sabrine de Rooij, Consultora Independente, Holanda.
13h às 14h30 Almoço
14h30h às 18h30
Painel II: As experiências latino americanas – México, Costa Rica, Equador,
Chile e Uruguai.
Coordenação – Byron Miranda, Gerente do Programa Agricultura, Território e
Bem Estar Rural do IICA.
Painelistas:
Luciano Martinez, Equador.
Alex Barril, Chile.
Diego Piñero,  Uruguai.
Rafael Porras, Costa Rica.
Rafael Echeverri, México.
Dia 13 de novembro de 2012
09h00 às 10h00 Introdução ao tema: Tânia Bacelar, Professora
10h00 às 12h30
Painel I: As bases conceituais para concepção da ruralidade no Brasil.
Coordenação – Nelson Martins, Secretário de Desenvolvimento Agrário do Ceará.
Painelistas: Arilson Favareto (Universidade do ABC) e Maria Nazareth
Wanderley (UFPE).
Debatedores: a convidar.
12h30 às 14h00 Almoço
14h00h às 16h00
Painel II: Implicações sobre as políticas públicas e adequação do aparato legal requerido.
Coordenação – Camilo Santana, Secretário de Cidades do Ceará.
Painelistas: Leonilde Medeiros e Mariana Trotta (OPPA/CPDA).
Debatedores a convidar.
16h00 às 16h30 Coffee Break
16h00 às 18h00
Painel III: Proposta para tipificação dos espaços rurais no Brasil - concepção, metodologia e aplicação.
Coordenação – Helena Lastres, Assessora da Presidência do BNDES.
Painelista: Professor: Jan Bitoun (UFPE) e Lívia Bezerra (UFPE).
Debatedores: a convidar.
Dia 14 de novembro de 2012
9h00 às 13h00
Módulo Final – Implicações sobre as políticas publicas da adoção de uma nova tipologia dos espaços rurais no Brasil
Coordenação - Esther Bemerguy, Secretária de Planejamento e Investimentos Estratégicos do MPOG.
Apresentação do Tema: Tânia Bacelar, Professora da UPFE.
Debatedores previstos a convidar:
Ubiramar Bispo de Souza  - Coordenador da Rede Nacional de Colegiados territoriais.
Cândido Grzybowsli – Diretor Geral do IBASE.
José Sérgio Gabrielli – Secretário de Planejamento do estado da Bahia.
Lauro Mattei - Professor da UFSC. 
Rogério Sotilli - Secretário Executivo da Secretaria Geral da Presidência da República.


quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Pegada Ecológica? O que é isso?

Pegada Ecológica? O que é isso?

Você já parou para pensar que a forma como vivemos deixa marcas no meio ambiente? É isso mesmo, nossa caminhada pela Terra deixa “rastros”, “pegadas”, que podem ser maiores ou menores, dependendo de como caminhamos. De certa forma, essas pegadas dizem muito sobre quem somos!
A partir das pegadas deixadas por animais na mata podemos conseguir muitas informações sobre eles: peso, tamanho, força, hábitos e inúmeros outros dados sobre seu modo de vida.
Com os seres humanos, acontece algo semelhante. Ao andarmos na praia, por exemplo, podemos criar diferentes tipos de rastros, conforme a maneira como caminhamos, o peso que temos, ou a força com que pisamos na areia.
Se não prestamos atenção no caminho, ou aceleramos demais o passo, nossas pegadas se tornam bem mais pesadas e visíveis. Porém, quando andamos num ritmo tranqüilo e estamos mais atentos ao ato de caminhar, nossas pegadas são suaves.
Assim é também a “Pegada Ecológica”. Quanto mais se acelera nossa exploração do meio ambiente, maior se torna a marca que deixamos na Terra.
O uso excessivo de recursos naturais, o consumismo exagerado, a degradação ambiental e a grande quantidade de resíduos gerados são rastros deixados por uma humanidade que ainda se vê fora e distante da Natureza.
A Pegada Ecológica não é uma medida exata e sim uma estimativa. Ela nos mostra até que ponto a nossa forma de viver está de acordo com a capacidade do planeta de oferecer, renovar seus recursos naturais e absorver os resíduos que geramos por muitos e muitos anos.
Isto considerando que dividimos o espaço com outros seres vivos e que precisamos cuidar da nossa e das próximas gerações. Afinal de contas, nosso planeta é só um!

O que compõe a Pegada?

A Pegada Ecológica de um país, de uma cidade ou de uma pessoa, corresponde ao tamanho das áreas produtivas de terra e de mar, necessárias para gerar produtos, bens e serviços que sustentam determinados estilos de vida. Em outras palavras,a Pegada Ecológica é uma forma de traduzir, em hectares (ha), a extensão de território que uma pessoa ou toda uma sociedade “utiliza” , em média, para se sustentar.
Para calcular as pegadas foi preciso estudar os vários tipos de territórios produtivos (agrícola, pastagens, oceanos, florestas, áreas construídas) e as diversas  formas de consumo (alimentação, habitação, energia, bens e serviços, transporte e outros). As tecnologias usadas, os tamanhos das populações e outros dados, também entraram na conta.
Cada tipo de consumo é convertido, por meio de tabelas específicas, em uma área medida em hectares. Além disso, é preciso incluir as áreas usadas para receber os detritos e resíduos gerados e reservar uma quantidade de terra e água para a própria natureza, ou seja, para os animais, as plantas e os ecossistemas onde vivem, garantindo a manutenção da biodiversidade.
Composição da Pegada Ecológica
    TERRA BIOPRODUTIVA: Terra para colheita, pastoreio, corte de madeira e outras atividades de grande impacto.
    MAR BIOPRODUTIVO: Área necessária para pesca e extrativismo
    TERRA DE ENERGIA: Área de florestas e mar necessária para a absorção de emissões de carbono.
    TERRA CONSTRUÍDA: Área para casas, construções, estradas e infra-estrutura.
    TERRA DE BIODIVERSIDADE: Áreas de terra e água destinadas à preservação da biodiversidade.
De modo geral, sociedades altamente industrializadas, ou seus cidadãos, “usam” mais espaços do que os membros de culturas ou sociedades menos industrializadas.
Suas pegadas são maiores pois, ao utilizarem recursos de todas as partes do mundo, afetam locais cada vez mais distantes, explorando essas áreas ou causando impactos por conta  da geração de resíduos.
Como a produção de bens e consumo tem aumentado significativamente,
o espaço físico terrestre disponível já não é suficiente para nos sustentar no elevado padrão atual.
Para assegurar a existência das condições favoráveis à vida precisamos viver de acordo com a “capacidade” do planeta, ou seja, de acordo com o que a Terra pode fornecer e não com o que gostaríamos que ela fornecesse. Avaliar até que ponto o nosso impacto já ultrapassou o limite é essencial, pois só assim poderemos saber se vivemos de forma sustentável.

Um pouco de história

No início da década de 90, os especialistas William Rees e Mathis Wackernagel procuravam formas de medir a dimensão crescente das marcas que deixamos no planeta.
No ano de 1996, os dois cientistas publicaram o livro Pegada Ecológica – reduzindo o impacto do ser humano na Terra, apresentando ao mundo um novo conceito no universo da sustentabilidade.
A Pegada Ecológica foi criada para nos ajudar a perceber o quanto de recursos da Natureza utilizamos para sustentar nosso estilo de vida, o que inclui a cidade e a casa onde moramos, os móveis que temos, as roupas que usamos, o transporte que utilizamos, aquilo que comemos, o que fazemos nas horas de lazer, os produtos que compramos e assim por diante.
Para o WWF-Brasil, a Pegada Ecológica não é apenas uma nova forma de se trabalhar as questões ambientais, às quais se dedica desde 1971, ano em que a Rede WWF iniciou suas atividades no Brasil.
A Pegada é também uma ferramenta de leitura e interpretação da realidade, pela qual poderemos enxergar, ao mesmo tempo, problemas conhecidos, como desigualdade e injustiça, e, ainda, a construção de novos caminhos para solucioná-los, por meio de uma distribuição mais equilibrada dos recursos naturais, que se inicia também pelas atitudes de cada indivíduo.
Práticas que ajudam a diminuir a sua Pegada Ecológica
Adotar estilos de vida mais equilibrados e amigáveis com o meio ambiente é fundamental para o planeta. Há muitas coisas que você pode fazer no seu dia-a-dia, basta ter disposição e prestar atenção no caminho. O planeta e a vida agradecem!
 
Fonte: http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira
SSA, 01.08.2012


sexta-feira, 22 de junho de 2012

Rio+20 acaba hoje com balanço positivo para o Brasil, mas polêmico para movimentos sociais


Meio Ambiente - Rio+20 acaba hoje com balanço positivo para o Brasil, mas polêmico para movimentos sociais

SEX, 22 DE JUNHO DE 2012
REDAÇÃO O NOTICIADO
Rio de Janeiro – A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, será encerrada hoje (22), por volta das 15h, com a divulgação do documento final, contendo 49 páginas, denominado O Futuro Que Queremos.
O balanço dos dez dias de discussões divide opiniões. Autoridades brasileiras consideram um avanço a inclusão do desenvolvimento sustentável com erradicação da pobreza, enquanto movimentos sociais e alguns líderes estrangeiros condenam a falta de ousadia do texto.

O tom de crítica deve predominar nesta sexta-feira, pois as organizações não governamentais (ONGs) que promoveram vários protestos durante a conferência prometem uma manifestação para hoje. Nela, será apresentado um balanço das discussões e recomendações apresentadas no texto final a ser aprovado pelos chefes de Estado e Governo.

O chefe da delegação do Brasil na Rio+20, embaixador André Corrêa do Lago, reiterou que o saldo da conferência é positivo. “O principal saldo foi fazer com que o desenvolvimento sustentável se transforme em paradigma em todos seus aspectos - social, ambiental e econômico”, disse.

Porém, para as ONGs, faltou ousadia por parte das autoridades na exigência de definições claras sobre responsabilidades específicas, repasses financeiros, discriminação de prazos para a adoção de medidas e a ampliação de poderes do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

No Riocentro, local das discussões políticas, os protestos foram mais discretos do que os que dominaram as ruas do Rio de Janeiro. No entanto, houve uma exceção. Em frente ao Pavilhão 5, destinado às reuniões dos chefes de Estado e Governo, além dos ministros, o gaúcho Aristide Souza Maltoni Júnior fez uma manifestação solitária ontem em protesto ao que chamou de “metas pouco concretas” da Rio+20. O manifestante gritava palavras de ordem para chamar a atenção das autoridades.

As discussões mostraram ainda que as divergências econômicas estão presentes também nos debates polítcos e ambientais. Os negociadores dos países desenvolvidos e em desenvolvimento entraram em vários conflitos, principalmente os que envolviam recursos. A União Africana (formada por 54 países) foi um dos blocos que mais reagiram às restrições impostas pelos países desenvolvidos.

“Não há um grupo de negociadores que tenha admitido ganhar em tudo. O Brasil conduziu muito bem os temas divergentes. Depois, chegamos a um acordo e agora temos um caminho. Mas o documento ainda é muito grande”, disse o ministro do Desenvolvimento, Economia Florestal e Meio Ambiente do Congo, Henri Djombo.

Paralelamente, os líderes políticos estrangeiros discursavam na sessão plenária e debatiam o conteúdo do documento final. O texto ratifica que os temas polêmicos e sem consenso ficarão para uma próxima cúpula. Os aspectos sociais são destacados, ressaltando o esforço conjunto para a erradicação da pobreza, a melhoria na qualidade de vida e o homem no centro das preocupações.

O documento tem 49 páginas, menos uma em relação à versão anterior, sendo que inicialmente o texto chegou a ter 200 páginas. O documento está dividido em seis capítulos e 283 itens. Os capítulos mais relevantes são os que tratam de financiamentos e meios de implementação (relacionados às metas e compromissos que devem ser cumpridos).

quarta-feira, 20 de junho de 2012

ONGs e especialistas não acreditam em avanços na Rio+20


ONGs e especialistas não acreditam em avanços na Rio+20 

Agência Brasil
O documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que chega hoje (20) às mãos de chefes de Estado e de Governo é “aguado”, não apresenta metas claras, formas de financiamento de ações e está aquém do texto elaborado há 20 anos, na Rio92, conferência que vinculou o desenvolvimento ao meio ambiente.
As avaliações foram apresentadas por representantes de organizações não governamentais (ONGs) que acompanharam as discussões do texto final por meio do Major Group ONGs e por especialistas da área ambiental. A apresentação foi feita ontem (19) à noite na Cúpula dos Povos - evento paralelo à conferência oficial da Organização das Nações Unidas (ONU) -, no Aterro do Flamengo.
Ao lado de representantes de organizações como Greenpeace, WWF e Oxfam, o coordenador do Vitae Civilis, Aron Belinky, disse que para conseguir o consenso uma série de questões polêmicas foi varrida "para debaixo do tapete”, sem resolvê-las. “Achamos que essa é uma estratégia arriscada, que coloca o resultado à frente do que deveria ser encarado”.
Para Belinky, o melhor era ter deixado claro que certo pontos não tinham o apoio dos negociadores. “Se não tem consenso, que fique claro que não tem consenso. Que não se faça um documento aguado, que todo mundo concorda porque não faz diferença nenhuma”, criticou o diretor, sem pontuar os itens que poderiam ter obtido maior avanço.
O professor da Universidade de São Paulo (USP) Wagner Costa Ribeiro, que teve acesso à versão do texto final e participou da avaliação apresentada pelo Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Fboms) na cúpula, disse que a consolidação do documento, acordado por 193 delegações, foi forçada e reflete a insatisfação de várias partes.
“É uma festa onde todo mundo sai descontente”, comentou Ribeiro. Elaborar o consenso a partir da insatisfação não me parece algo importante. O que vi realmente não é estimulante porque não cria metas ou vínculos ou quem vai pagar a conta”, acrescentou.
Ao comparar o documento da Rio92 com o texto da Rio+20, o professor culpou o cenário internacional, de crise financeira, pela falta de grandes avanços. Ele também citou a reunião do G20 (que ocorre no México, paralelamente à Rio+20), as eleições na Grécia e até a Eurocopa (o campeonato europeu de futebol). “Não diria que foi pior, mas que não teve o mesmo nível de ousadia”, avaliou.
Os especialistas também criticaram a ONU pela pequena abertura para participação da sociedade nas negociações da conferência. “É um espaço limitado, de dois ou três minutos de fala, nos Major Groups. Ou seja, pequenas intervenções em meio a uma burocracia que não permite o avanço de uma proposta democrática”, destacou o representante da Vitae Civilis.
Fonte: Jornal do Brasil (Agencia Brasil). 20.06.2012 às 07h13.


Bahia apresenta programas ambientais na Rio +20


Bahia apresenta programas ambientais na  Rio +20

Conforme nota de 19.06.12, 0 Governo da Bahia deu início no domingo (17.06) a uma série de palestras durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio + 20) sobre os temas como Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE), Programa Água para Todos (PAT) e Regulação Ambiental na Bahia. Essas palestras estão sendo apresentadas pela delegação baiana, no auditório CNO 1, no Parque dos Atletas, na Barra da Tijuca, onde estão reunidas todas as delegações do Brasil e dos estados-membros das Nações Unidas.

A Rio + 20 tem dois eixos temáticos, a Economia Verde e a Erradicação da Pobreza. Dentro deste contexto, a Bahia apresenta o Programa Água para Todos, que desde 2007, quando foi criado, já beneficiou mais de três milhões de pessoas. “O sucesso do Água para Todos serviu de referência para o Governo Federal, que criou a versão nacional como vertente do Plano Brasil Sem Miséria, de 2011. O compromisso deste programa reflete um ponto central do Governo Baiano, que é fazer mais para quem mais precisa”, declara o secretário estadual do Meio Ambiente da Bahia, Eugênio Spengler.

ZEE - Outro tema colocado em pauta pela delegação baiana na Rio + 20 é o Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE). Um instrumento estratégico de gestão e organização do território. “A proposta é garantir o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população, ao vincular as decisões do poder público e da iniciativa privada aos critérios de uso e conservação dos recursos naturais”, explica Rosalvo Junior, coordenador técnico do ZEE.

Outros temas serão discutidos até o dia 21, como o Programa de Desenvolvimento Sustentável da Bahia (PDA), Energia Eólica e Solar, o Programa Cacau Para Sempre, Trabalho descente, Economia Solidária e Energias renováveis. No stand do Governo da Bahia, montado no Pavilhão D, os visitantes também podem ter acesso aos programas baianos, através de folder, revista e vídeos que estão sendo expostos em telas touch screen.
Fonte: Ascom/Sema (19 de Junho de 2012 16:40)

domingo, 17 de junho de 2012

Brasil assumiu a presidência da Rio+20 no sábado (16.06.12)


Conforme nota do ambientebrasil de 16 / 06 / 2012,  a ONU disse que o Brasil assumiu a presidência da Rio+20 ontem (sábado).

O Brasil assume a presidência da Rio+20 a partir deste sábado (16), informou o diretor da divisão de Desenvolvimento Sustentável da ONU, Nilchil Seth, durante coletiva de imprensa no Riocentro nesta sexta (15). O Brasil é o país-sede da conferência e assumir a presidência já era algo esperado a essa altura das negociações.
O principal desafio será mediar as negociações diplomáticas em torno do documento final da cúpula da ONU, devido à falta de acordo entre os 193 países que negociam o texto.
“A responsabilidade passa amanhã para o Brasil, que tem que decidir e explicar para os participantes qual é o programa para os próximos três dias. Os Estados-membros estão preocupados com os trabalhos da delegação. Esperamos que até 19 de junho esteja tudo concluído. A hora é de urgência. (…) O tempo não está a nosso favor,” disse Seth.
De acordo com o representante da ONU, em apenas 28% do texto final houve consenso entre os países, mas, segundo ele, a maior parte das pendências do documento deverá chegar aos chefes de Estado já resolvida. “Não existe um plano B”, disse.
O diretor explicou ainda que um dos assuntos que deve ser levado para a cúpula de alto nível é a discussão sobre “as reponsabilidades comuns, porém diferenciadas”, inserida nos “Princípios do Rio”, um dos documentos criados na Rio 92.
Na prática, o termo indica que todos os países devem cumprir as iniciativas propostas na conferência, porém, em proporções diferentes.
Sobre o debate dos meios de financiamento do desenvolvimento sustentável, Seth afirmou que, em nenhum momento, houve citação de valores no documento. Entretanto, ele citou que um novo texto sobre o assunto foi elaborado pelo G77+China, grupo de discussão que o Brasil faz parte.
Intervenção – De acordo com o embaixador Luiz Alberto Figueiredo, um dos negociadores-chefe da delegação brasileira, o governo considera necessário assumir a presidência para concluir o debate sobre o texto, ainda com entraves em diversos capítulos.
A chamada “Reunião do Comitê Preparatório”, que antecede o segmento de alto nível, com os chefes de Estado, deveria se encerrar com um acordo finalizado ainda nesta sexta.
Entretanto, já em seu segundo dia, a própria direção da ONU previu a possibilidade de prorrogação das discussões para o fim de semana, por dificuldades apresentadas pelos diplomatas envolvidos.
Entre os principais entraves na negociação estão a definição dos meios de implementação do desenvolvimento sustentável no mundo – formas de financiamento, transferência de tecnologia para o mundo em desenvolvimento e capacitação.
Ainda há uma discussão sobre um fundo internacional de US$ 30 bilhões ao ano para bancar projetos sustentáveis nos países, mas já existe uma grande rejeição das nações ricas devido à crise mundial.
Outros assuntos, porém, tiveram andamento, segundo a delegação brasileira. Já há acordos para a criação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que devem auxiliar os governos a implantar uma economia verde (pensando nas questões econômicas, sociais e ambientais) e também um “consenso grande” de que o Programa das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, o Pnuma, deve ser fortalecido e não se tornar uma super agência. (Fonte: Eduardo Carvalho/ G1).
Salvador, 17.06.12 (Biól. Sonia Portugal).

Bicicletas de bambu são a novidade nas ruas de São Paulo


Bicicletas de bambu são a novidade nas ruas de São Paulo

As bicicletas de bambu começaram a andar pela cidade de São Paulo. Elas fazem parte do “Escolas de Bicicleta”, um projeto criado pela Secretaria Municipal de Educação que tem como proposta formar ciclistas urbanos.
O bambu é um dos materiais mais sustentáveis do mundo. Bonito, resistente e renovável, já conquistou seu espaço em grandes construções e começa a ser pensado também como alternativa para outros meios.
Curioso pensar, contudo, que no distante ano de 1995 (quando não se discutia diariamente o futuro do planeta) o designer brasileiro Flávio Deslandes criou os quadros (a estrutura central da bicicleta) de bambu.
Além de incentivar o uso de um material natural, a ideia já estimulava que a população andasse menos de carro, produzisse menos poluição e consequentemente, tivesse uma vida mais saudável.
As bicicletas, atualmente, estão sendo construídas dentro do Centro Educacional Unificado (CEU) Jardim Paulistano.
Escolas de Bicicleta – O projeto “Escolas de Bicicleta” é destinado a estudantes dos CEUs que tenham entre 12 e 14 anos.
O programa visa ensinar e preparar os jovens a se locomoverem no percurso casa-CEU-casa sem correr nenhum tipo de risco.
Acompanhados por um monitor, os grupos são formados por cerca de 15 alunos. Depois de um mês de aula, eles recebem um certificado que os aprova a fazer o trajeto com os colegas.
Além das bicicletas e do certificado, os alunos recebem um kit com capacete, iluminação, colete refletivo, bagageiro e alforje (um tipo de sacola), buzina, retrovisor e cadeado.
O dinamarquês Eduardo de Luna Freire Bueno, especialista em mobilidade urbana, é um dos responsáveis pelo sucesso da proposta. Ele criou o conceito em seu país natal e espera inspirar outras cidades do mundo.
Futuro – O desejo do projeto é, até dezembro de 2012, equipar todos os CEUs da cidade e formar cerca de 4,6 mil novos ciclistas. (Fonte: Folha.com)

Menina que ‘calou o mundo’ na Rio 92 volta como ativista para a Rio+20


Menina que ‘calou o mundo’ na Rio 92 volta como ativista para a Rio+20

Há 20 anos, a canadense Severn Cullis-Suzuki ficou conhecida como “a menina que silenciou o mundo por cinco minutos” por seu discurso feito para delegados e chefes de Estado na Rio 92. Aos 12 anos de idade, conseguiu emocionar os presentes no Riocentro com frases marcantes como “sou apenas uma criança e não tenho as soluções, mas quero que saibam que vocês também não têm”.
Já crescida, com 32 anos, mãe de dois filhos e pós-graduada em etnobotânica, Severn retorna ao Brasil para a Rio+20, e quer mais uma vez a atenção dos chefes de Estado para alertar que desde 1992, quase nada mudou.
Antes, na terça-feira (12), em preparação à cúpula da ONU, faz uma palestra na TedXRio+20, realizado no Forte de Copacabana, dentro do projeto Humanidade 2012.
Nas duas oportunidades, a ativista tentará alertar que o mundo não conseguiu superar seus problemas ecológicos existentes há duas décadas, já que os governantes “pensam apenas na incerteza econômica, não na ambiental”.
Em entrevista ao G1, ela afirma que a população ainda não percebeu o significado da crise ecológica e que “estamos vivendo um novo evento de extinção em massa no planeta”.
Sobre ao Brasil, Severn diz que o país tem, na Rio+20, a chance de assumir a liderança ambiental, mesmo, segundo ela, o governo tendo comprometido a Amazônia ao mudar o Código Florestal e autorizar as obras da hidrelétrica de Belo Monte, que considera uma “tragédia para o mundo”.
Discurso – Severn conta que seu discurso na Rio 92 ocorreu após convite das Nações Unidas, que tentava reajustar o cronograma das plenárias de chefes de Estado. Ela, que estava no Brasil junto com outros adolescentes da ONG Eco (Environmental Children’s Organization, fundada por Severn) foi escolhida para falar aos delegados e utilizou o período de cinco minutos para abordar questões importantes como o buraco na camada de ozônio e o impacto da mudança climática em seu país, o Canadá.
“Vi que muitas pessoas choraram após o discurso. Desde então, milhões de pessoas viram o vídeo [que está no YouTube e já teve mais de 23 milhões de acessos]. Ainda recebo correspondências sobre isso, mas 20 anos depois, o que mudou? Ainda procuro provas de que minhas palavras fizeram diferença”.
Severn afirma que nas duas décadas que se passaram, a comunicação e a velocidade da informação melhoraram devido à internet. Mas, na perspectiva ecológica, o mundo continua “em sérios apuros”. Para ela, “nosso estilo de vida está com prazo estourado e não seremos capazes de sustentá-lo, pois nossos ecossistemas estão no limite”.
Ela comenta que a mudança climática é um crime “intergeracional”, ou seja, que passará por várias gerações, e se diz envergonhada com a atitude do governo do Canadá ao se retirar do Protocolo de Kyoto, em dezembro de 2011, por não conseguir cumprir as metas de redução de gases de efeito estufa.
“Estou absolutamente envergonhada. Em 20 anos, meu país deixou de ser um campeão da sustentabilidade para se tornar um retardatário ambiental”.
Brasil e Rio+20 – Sobre a discussão ambiental no Brasil, Severn diz que empreendimentos como a usina hidrelétrica de Belo Monte, em construção no Rio Xingu, no Pará, só demonstram que o mundo não valoriza os serviços ambientais da Amazônia. Ela se diz desapontada com o andamento da construção e com mudanças recentes nalegislação ambiental (Código Florestal) que “irão comprometer a floresta devido ao aumento da exploração madeireira”.
“É o pulmão do mundo e devemos pagar para que a Amazônia permaneça intacta”.
Sobre a Rio+20, a canadense afirma que a conferência só conseguirá êxito se os governos deixarem de pensar nas crises econômicas e passarem a planejar uma forma de socorrer o meio ambiente nos mesmos métodos aplicados para socorrer bancos, com a injeção de dinheiro. “Devemos reduzir nossa pegada ecológica e começar a usar a nossa voz.”
Questionada sobre qual será o cenário do mundo daqui 20 anos, na Rio+40, Severn foi enfática: “verei isto a partir da próxima semana”. (Fonte: Eduardo Carvalho/ Globo Natureza)
SSA, 17.06.12

Rio+20 promoverá papel da mulher no desenvolvimento sustentável


Rio+20 promoverá papel da mulher no desenvolvimento sustentável, diz Bachelet

A diretora-executiva da ONU Mulheres, a ex-presidenta chilena Michelle Bachelet, quer que os líderes mundiais presentes na Rio+20 reconheçam e promovam o papel da mulher para tornar realidade o desenvolvimento sustentável.
“Queremos gerar a maior quantidade de apoio à igualdade de gênero e à capacitação da mulher, porque a mulher é uma peça-chave para o desenvolvimento sustentável”, disse Bachelet
Bachelet, que viajará ao Brasil na próxima semana, liderará os esforços da ONU Mulheres na chamada Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que acontecerá no Rio de Janeiro de 20 a 22 de junho, para que se reconheça “o papel vital da mulher” na busca por um futuro melhor para o planeta.
“Se conseguirmos avançar mais rapidamente em questões da igualdade de gênero, também vamos avançar mais rapidamente no desenvolvimento sustentável”, ressaltou a responsável da ONU Mulheres.
A ideia de Bachelet é lançar uma chamada aos Governos do mundo, ao setor privado e à sociedade civil para que “deem prioridade à igualdade de gênero e à capacitação da mulher na agenda do desenvolvimento sustentável”, mas também para que “acelerem o início de seus compromissos”.
A diretora da ONU Mulheres quer o envolvimento da mulher em assuntos tão vitais para o desenvolvimento sustentável como o uso de energias renováveis e novas técnicas de pesca e coleta, porque, “primeiro de tudo, facilitaria sua vida, e, depois, porque teria um impacto muito propício sobre o planeta com esse tipo de decisões”.
Para a cúpula da Rio+20, Bachelet previu celebrar um encontro com as mulheres chefes de Estado e de Governo presentes para lançar “uma chamada” que impulsione o papel da mulher em todos os âmbitos. (Fonte: Portal iG)
SSA, 17.06.12

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A Formação do Ambientalismo no Brasil: um recorte histórico de 1968 a 1988. (Nilton Manoel Lacerda Adão. Geógrafo)


FONTE:  http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=710&class=21 

Acesso a fonte em 11.06.2012 (20:46)
 Trabalhos Enviados

No. 28 - 31/05/2009
A Formação do Ambientalismo no Brasil: um recorte histórico de 1968 a 1988
Este ensaio tem como objetivo descrever e refletir sobre as transformações que motivaram a evolução do movimento ambientalista no Brasil. O período a ser trabalhado inicia-se no conturbado ano de 1968 finalizando com a promulgação da Constituição e o assassinato de Chico Mendes em 1988 (...)
A Formação do Ambientalismo no Brasil: um recorte histórico de 1968 a 1988


Nilton Manoel Lacerda Adão. Geógrafo. niltonadao@hotmail.com
Joinville- SC.

Resumo

Este ensaio tem como objetivo descrever e refletir sobre as transformações que motivaram a evolução do movimento ambientalista no Brasil. O período a ser trabalhado inicia-se no conturbado ano de 1968 finalizando com a promulgação da Constituição e o assassinato de Chico Mendes em 1988. Esta fase da história recente do Brasil é palco de grandes transformações qual o ambientalismo sai do estado embrionário para dar seus primeiros passos. Formam-se, neste período, os pilares para a construção de uma nova “consciência” que valoriza e reconhece a necessidade dos meios naturais, busca contemporânea, fundamento da Educação Ambiental.

Palavras-chave: Ambientalismo. Movimentos sociais. Economia. Política.



Pertinência do Tema para Educação Ambiental

Fomentar novas atitudes nos sujeitos sociais é o desafio da Educação Ambiental (EA) na contemporaneidade. Fundamentada com base nas pressões da sociedade organizada, na forma do movimento ambientalista, a EA originou-se da luta de uma parcela da sociedade questionadora dos modelos sociais dominantes. Na atualidade agrega-se a esta questão a necessidade de um novo modelo de sociedade. Resgatar a historicidade do movimento ambientalista pode possibilitar ao educador ambiental uma análise, de forma crítica, das complexas relações entre os processos sociais e naturais de um passado recente, além de legitimar a EA como uma prática educativa primordial para construção de uma sociedade igualitária e um meio ambiente ecologicamente equilibrado.


A gênese do movimento ambientalista no Brasil: uma análise descritiva

Nas manifestações estudantis de Paris, em maio de 1968, jovens protestaram contra o modo de produção e a sociedade vigente ansiando por “um mundo melhor”. Esta nova proposta espalhou-se pelo mundo, os movimentos de contracultura ganharam consistência, mudando a maneira de agir e pensar de toda uma geração. No Rio de Janeiro, no dia 26 de julho do mesmo ano, estudantes e uma classe média intelectual organizaram a “Passeata dos Cem Mil” protestando contra a ditadura militar que assolava o país. Dias depois, aproximadamente vinte mil trabalhadores dos municípios de Osasco (SP) e Contagem (MG) mobilizaram-se em greves operárias. Na arte, Chico Buarque e Geraldo Vandré eram os ícones da música de protesto. Nesse mesmo período da história brasileira, em oposição criativa à ditadura, despontou o Tropicalismo de Caetano, Gil e Tom Zé.
Em resposta a essas manifestações contra os “militares”, em outubro, centenas de líderes estudantis foram presos. No mês de dezembro, foi decretado, no governo do Marechal Costa e Silva (1967-1969), o Ato Institucional nº 5 que dissolveu o Congresso Nacional e fortaleceu a ditadura militar. Ao mesmo tempo, a economia brasileira passou a atingir picos de crescimento jamais vistos no país. O período entre 1968 e 1973 ficou conhecido como o “milagre econômico brasileiro”. Enquanto outros países discutiam a degradação ambiental, representantes brasileiros, do então governo do General Emílio G. Médici (1969-1974), ofereciam o país para a exploração de seus recursos naturais sem restrições. Neste período, segundo Marcos Reigota,  o país buscava o destaque em relação aos demais paises emergentes da América Latina, neste sentido, “todos os seus projetos [do Brasil] que afetam  drasticamente o meio ambiente são considerados prioritários, e a preocupação  com o meio ambiente é considerada pelos militares e tecnocratas um luxo dos países ricos” (REIGOTA, 1997, p. 53-54). Foi  nesse ambiente antidemocrático e “desenvolvimentista” que o Brasil participou da Conferência de Estocolmo (Conferência da ONU sobre o Ambiente Humano) em 1972 como aponta Genebaldo Dias:

Para espanto do mundo, representantes do Brasil pedem poluição, dizendo que o país não se importaria em pagar o preço da degradação ambiental desde que o resultado fosse o aumento do PNB (Produto Nacional Bruto). Um cartaz anuncia: “Bem vindos à poluição, estamos abertos para ela. O Brasil é um país que não tem restrições. Temos várias cidades que receberiam de braços abertos a sua poluição, porque o que nós queremos são empregos, são dólares para o nosso desenvolvimento”. (DIAS, 2003, p. 36)

Toda essa euforia em nome do “crescimento a qualquer preço” perdeu força com as crises do petróleo no mundo e com as redefinições nas políticas econômicas internacionais. Assim, cada país passou a tomar medidas protecionistas para fortalecer seu mercado interno.  Findada a era do “milagre brasileiro”, o General Presidente Ernesto Geisel (1974-1979) assumiu o governo propondo uma abertura política “lenta, gradual e segura” que viria a se consolidar com as eleições indiretas para Presidência da República em 1984.
No entanto, apesar das dificuldades impostas pela ditadura e das limitações teóricas quanto ao entendimento das questões ambientais, que se detinham apenas ao “ambiente natural”, em 1971 foi criada a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN), Organização não Governamental pioneira do movimento ambientalista brasileiro liderada por José Lutzenberger. A participação vexatória do Brasil, na Conferência de Estocolmo desgastou de certa forma a imagem do país no exterior. Diante disto, motivado pelas pressões de seus credores internacionais, o governo federal em outubro de 1973 inaugurou a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA) onde seriam tratadas as questões ambientais de âmbito nacional.  O Sema teve como titular o professor Paulo Nogueira Neto, responsável por delegações brasileiras em muitos encontros internacionais sobre a questão ambiental. Nogueira Neto, assim como José Lutzenberger, é considerado um dos grandes nomes do movimento ambientalista brasileiro.
Não se pode deixar de mencionar, na década de 70, os projetos governamentais para expansão das fronteiras para o “desenvolvimento do país”, acreditava-se que os problemas da reforma agrária e criação de novas fontes de riquezas estava no preenchimento populacional na floresta Amazônica, reconhecida como uma região de grande vazio demográfico como cita Reigota (1997, p.59) “era necessário conquistar o vazio verde, ou seja, a Amazônia, para garantir a integridade do território nacional e as riquezas da potência emergente”. As políticas voltadas para o “desenvolvimento” da Amazônia acentuaram os processos de grilagens, invasões e processos de colonização. Estes fatos fizeram da região norte do país um local de vários conflitos entre índios, colonos, madeireiros, mineradores, empresários, posseiros e extrativistas. Neste ambiente de forte luta pela questão da terra, emergiu a figura de Chico Mendes, fundador do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri em 1977, que na sua luta a favor dos seringueiros foi premiado com o “Global 500” cedido pela Organização das Nações Unidas. Este prêmio deu a Chico Mendes o reconhecimento internacional como o ambientalista da Floresta Amazônica.
Nos grandes centros urbanos uma classe média esclarecida faz com que o ideário ambientalista cresça dentro de uma proposta menos naturalista. Em setembro de 1978, no 1º Simpósio Nacional de Ecologia organizado em Curitiba (PR), que resultou no documento denominado “Carta de Curitiba”, criticou-se o “desenvolvimentismo”, apontando os problemas ambientais como sendo também, sócio-culturais. Vale a pena apresentar parte da “Carta de Curitiba” transcrita por Genebaldo Dias:

Os modelos desenvolvimentistas da atual sociedade de consumo e, muito especialmente, o modelo brasileiro, são modelos absurdos, porque insustentáveis, isto é, suicidas. Estes modelos repousam no esbanjamento orgástico de recursos limitados e insubstituíveis.  Eles significam a destruição sistemática de todos os sistemas de sustentação da vida na Terra. ( DIAS, 2003, p. 486)

É possível perceber que com o passar do tempo a questão ambiental aos poucos se apresentava como a necessidade de mudança de atitudes para alcançar um novo paradigma de sociedade, caso contrário, a degradação ambiental descontrolada tenderia (e tende) a tornar insustentável a vida, de todo o tipo, no planeta. Vale transcrever as palavras finais de José Lutzenberger responsável pela palestra de encerramento do Simpósio de Curitiba de 78.

Aqui deixo uma sugestão que me parece muito importante: que politólogos e sociólogos de visão se aprofundem no estudo da Ecologia e examinem detidamente o funcionamento dos sistemas naturais intactos, enquanto os houver. Suspeito que acabarão por descobrir modelos extremamente relevantes para a condição humana. Ali não existem estruturas de poder central, hegemonias, dominação. O que existe é constelação de equilíbrios. Progresso, ali, é esmero de equilíbrio. (LUTZENBERGER, 1985, p. 102)

É perceptível o engajamento político e social de Lutzenberger, que procura dimensionar o seu discurso fomentando a necessidade de estruturas políticas e socioeconômicas sem a alienação de qualquer forma de vida. Este discurso fundamenta-se num período em que o fim do regime militar passou a se tornar uma realidade e novos meios de progressos fundamentados em um regime democrático, sustentavam os ideários políticos da época.
 Assim, iniciou-se a década de 1980 com o processo de redemocratização que trouxe esperanças para as demandas sociais reprimidas, aumentando a força e a possibilidade de surgimento de novos movimentos sociais. Esperanças que se reforçaram com a volta dos exilados após a anistia de 1979. Dentre os exilados, muitos foram artistas, religiosos, escritores, professores, políticos, representantes de sindicatos, entre outros, que passaram a formar a intelectualidade e a “massa crítica” do país.
 Dentre eles, alguns foram responsáveis pelas criações e implantações de Organizações Não Governamentais (ONGs) no Brasil. Essas instituições têm um importante papel de difusão das questões que envolvem os problemas ambientais. Sobre o papel que as ONGs assumem no cenário nacional, Carlos Fico citou:


[...] no final dos anos 80, desenvolvi algumas pesquisas sobre um fenômeno que, naquela ocasião, chamávamos de “novos movimentos sociais”, vale dizer o pacifismo, o ecologismo, o movimento das mulheres, dos negros, dos índios, dos homossexuais e alguns outros, temas que guardam profunda relação com o campo de preocupação das ONGs. (FICO, 1999, p. 19)

Vale ressaltar, que desde 1981 o país já contava com a Lei nº 6938/81 dispondo da regulamentação de Estações Ecológicas, Área de Proteção Ambiental e da Política Nacional do Meio Ambiente. Já dispondo de uma legislação voltada para a questão ambiental, em meados de 1980, as inquietações no que corresponde à degradação ambiental também passou a fazer parte da discussões dos movimentos voltados para os setores populares. Sobre esta questão Eduardo Viola ressaltou:

[...] um setor significativo dos grupos ambientalistas tinha descoberto que a conexão com os setores populares era uma tarefa crucial; em várias cidades industriais, grupos ambientalistas começavam a dialogar sobre problemas comuns com ativistas sindicais (particularmente em áreas críticas como Cubatão, Criciúma, Camaçari, etc); no sul do país o movimento dos trabalhadores rurais sem terra aproxima-se dos ambientalistas, esboçando-se a palavra de ordem de reforma agrária ecológica; os movimentos pró água e esgoto na periferia das cidades recebiam muitas vezes o apoio de grupos ambientalistas; na Amazônia, os seringueiros e índios começavam a receber o apoio de algumas entidades ambientalistas do Sul-Sudeste. (VIOLA, 1992, p. 60-61)

Para finalizar as conquistas das duas décadas da gênese do movimento ambientalistas e suas conquistas, questão ambiental recebeu na Assembléia Constituinte diante das pressões externas um capítulo e outros artigos relevantes na Constituição da República Federativa do Brasil promulgada em 5 de outubro de 1988. Iniciando-se como resultado das transformações sociais e políticas, uma sólida legislação relacionada ao meio ambiente fundamentada na Carta Magma do país. Merece uma transcrição o Artigo 225 regulando que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de   defendê-lo  e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” Neste documento, ao sugerir-se um meio ambiente ecologicamente equilibrado, entende-se como meio ambiente, todo espaço natural e de criação humana. Fundamenta-se como bem coletivo, impondo-se às propriedades privadas, o entendimento de que os recursos indispensáveis para a sobrevivência das gerações presentes e futuras são bens de uso comum cabendo a todos exigi-los, defendê-los e preserva-los. A abordagem dada à questão ambiental pela Constituição fez dela uma referência mundial ao tratar de determinado assunto em um documento que serve como diretriz para todas as ações políticas, sociais e individuais de um país.
O ano de 1988, usado como referência para finalizar este artigo se findou com uma notícia que viria a chocar toda  sociedade civil e ambientalistas do mundo inteiro. Foi assassinado de forma covarde com cinco tiros, Chico Mendes  que Boff (2004, p.142) muito bem soube definir como “São Francisco secular moderno”. Segundo este autor, Chico Mendes “ deixou a vida Amazônica  para entrar na história universal e no inconsciente coletivo dos que amam nosso planeta Terra e sua imensa biodiversidade”. (BOFF, 2004, p.143) Finaliza-se este artigo mencionando-se que este triste fato da história recente do país deve ser compreendido como o marco de uma luta que nunca deve cessar. Os dois olhos que se fecharam no dia 22 de dezembro de 1988 devem ser o pressuposto para as centenas de milhares de novos olhos e mentes que devem abrir-se.


Reflexões do autor para a atualidade
Os vinte anos de lutas e conquistas relatados no presente artigo, procuram, de maneira singela demonstrar alguns dos momentos relevantes para uma parcela da sociedade que resolveu se engajar na causa ambientalista. Vale ressaltar que as discordâncias conceituais sobre as formas de agir dos grupos que se intitulam ambientalistas sempre houve, mas este fato só tende a favorecer o desenvolvimento das discussões que a cada dia são mais consistentes e emergentes: a questão ambiental. Diante desta perspectiva, acredita-se ter formado em nosso país a possibilidade de uma visão ambientalista, fundamentada nas questões sociais, políticas e econômicas. Sendo que esta última ganhou forma nos “selos de qualidade” e nas “propagandas de um processo de produção sustentável”. Práticas que agregam valor aos produtos tornando a sua produção economicamente viável e lucrativa favorecendo um discurso de caráter economicista. Diante da complexidade das discussões que envolvem as questões de caráter ambiental, nos anos posteriores aos discutidos neste artigo, há a necessidade de uma análise  à parte. Esta reflexão deve possibilitar o surgimento de ações que busquem a concretização  de uma sociedade ecologicamente sustentável e com justiça social. Luta do passado e presente para a garantia do futuro. 

Bibliografia

BOOF, Leonardo. Ecologia: grito da Terra, grito dos pobres. Rio de Janeiro: Sextante, 2004.

DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: Princípios e Praticas. São Paulo: Gaia, 2003.

FICO, Carlos. Ibase: usina de idéias e cidadania. Rio de Janeiro: Garamond, 1999.

LUTZEMBERGER, José. Ecologia: do jardim ao poder. 10ª ed. Porto Alegre: L&PM, 1985.

REIGOTA, Marcos. Meio Ambiente e Representação Social. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 1997.

VIOLA, Eduardo J. O movimento ambientalista no Brasil (1971-1991): denuncia e conscientização pública para a institucionalização e o desenvolvimento sustentável. In: Goldemberg, Mirian.  Ecologia, Ciência e Política: participação social, interesses em jogo e luta de idéias no movimento ecológico. Rio de Janeiro: Revan, 1992.

domingo, 20 de maio de 2012

IV SENAFE - Seminário Nacional Filosofia e Educação: Confluências


Seminário Nacional de Filosofia e Educação: Confluências - 21 a 23 de maio de 2012.

IV SENAFE - Seminário Nacional Filosofia e Educação: Confluências, com foco na temática “Interatividade, Singularidade e Mundo Comum”, visa aprofundar o debate sobre os desafios da formação no contemporâneo marcado pela influência da interatividade em todos os setores da vida. Os grupos de pesquisa proponentes Formação Cultural, Hermenêutica e Educação (GPFORMA) (www.ufsm.br/gpforma), Filosofia, Cultura Juvenil e Ensino Médio (FILJEM) e Racionalidade e Formação (GPRACIOFORM) (http://w3.ufsm.br/gpracioform), certificados pelo CNPq, pretendem, através do evento, proporcionar reflexões sobre propostas emergentes, no sentido de repensar a confluência entre Filosofia e Educação num tempo marcado pela reivindicação das diferenças.
O conceito de interatividade vai além do conceito de interação, pois neste não há uma separação em pólo emissor e pólo receptor. O conceito de interatividade vem da pop art, sendo caracterizado pela fusão sujeito-objeto, como, por exemplo, os parangolés de Hélio Oiticica, onde o espectador interfere, modifica e co-cria a obra com o artista. Os fundamentos da interatividade permitem a articulação de diversas redes, diversas conexões, possibilitando uma navegação livre, autônoma, sem direção pré-definida. Transposto para a docência, se traduz pela construção de uma obra coletiva, não mais centrada na figura do professor/emissor ou centrada no aluno/receptor. A docência nessa perspectiva representa um rompimento com a concepção linear de aprendizagem, situando-a de forma colaborativa, atualizada numa prática de construção de um percurso hipertextual.
A interatividade é um termo mediador surgido no contexto das novas tecnologias de informação e comunicação (TICs) para compreender e problematizar, por exemplo, a influência destas tecnologias na mudança das noções de singularidade e mundo comum. Podemos perceber o seu alcance, desde a transformação do mundo numa imensa aldeia global, como profetizava McLuhan, e suas conseqüências na aproximação entre povos e culturas, na mudança entre as noções de público e privado, como a invasão da privacidade e o enfraquecimento da esfera pública, até o impacto do universo das tecnologias virtuais na arte, na estética e na atuação da EaD.
Cabe questionar o efeito da interatividade para as reivindicações da singularidade e mundo comum, ou seja, para uma visão voltada ao cotidiano, ao particular e ao local, legitimada nas Ciências Humanas atualmente, e de uma razão interessada em cultivar um mundo comum, isto é, de uma visão afeita às tradições, que defende uma perspectiva ampliada de homem/mulher e, portanto, ainda preocupada com as possibilidades de desvelar um horizonte comum de tratamento dos problemas humanos. Nesse sentido, em tempos de comunicação interativa, como pensar a relação entre Filosofia e Educação, mais especificamente as relações da singularidade e mundo comum? De que modo isso repercute nas diversas instâncias pedagógicas, como a relação teoria e prática na formação? A educação responde aos desafios da criação coletiva proporcionada pelo espaço virtual? As tecnologias estão liberando ou aprisionando a criatividade do indivíduo e a busca do saber em sala de aula? Como ensinar Filosofia em tempos de interatividade constante? Se as noções de emissor e receptor se modificam no contexto das novas tecnologias, é possível estabelecer relações entre professor, aluno e conhecimento nesta perspectiva?
Enfim, estas serão algumas das questões debatidas no IV SENAFE, numa promoção conjunta dos Programas de Pós-Graduação em Educação e Programa de Pós-Graduação em Filosofia, da UFSM, visando dar continuidade às discussões que tratam de questões pedagógicas do ponto de vista filosófico.

SOBRE

Nome do Evento: 
IV Seminário Nacional de Filosofia e Educação – Confluências
Tema: Interatividade, Singularidade e Mundo Comum
Grande Área e Área de Conhecimento: 
Educação: 7080000-6
Filosofia da Educação: 7080101-0
Data e Horário 
Data: 21 a 23 de maio de 2012
Turnos: Manhã, tarde e noite
Local: 
Auditório C, Prédio 18 Auditório da Química e Centro de Educação
Universidade Federal de Santa Maria – UFSM

FONTE: