quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Brasil terá novo monitoramento de emissões de carbono

21 / 11 / 2013  Brasil terá novo monitoramento de emissões de carbono

O Ministério do Meio Ambiente aproveitou o começo das negociações decisivas da 19ª conferência mundial do clima da ONU, a COP-19, que vai até sexta em Varsóvia, para lançar uma plataforma de monitoramento de seus principais planos de redução de emissões de gases-estufa.
O objetivo da ferramenta é ser um termômetro da precisão do andamento dos cinco planos do país para atingir a meta de cortar entre 36,1% e 38,9% de suas emissões de carbono até 2020.
Os eixos principais são a prevenção do desmatamento da Amazônia e do cerrado, a geração de energia com fontes renováveis, o incentivo à agricultura de baixo carbono e incentivos e melhorias no uso de carvão vegetal na indústria de ferro e aço.
Batizado de SMMARE (Sistema Modular de Monitoramento de Ações e Redução de Emissões de Gases-Estufa), o projeto deve começar a funcionar no início de 2014.
transparência
Segundo o secretário de Mudanças Climáticas do ministério, Carlos Klink, a ferramenta deve aumentar o grau de transparência do andamento das ações para reduzir as emissões. Os dados deverão ser públicos.
“É um trabalho de um ano e meio. Um trabalho extenso que ficou maduro agora.”
O Brasil já faz um monitoramento das emissões setoriais, que fica a cargo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, mas elas são feitas no âmbito do inventário de emissões, documento oficial que é produzido sem periodicidade definida, diferentemente do que se espera para o monitoramento do Ministério do Meio Ambiente.
Segundo Klink, com a plataforma, será possível identificar se as políticas para reduzir emissões estão funcionando e o que pode ser melhorado e corrigido.
Já foram investidos cerca de US$ 350 mil na ferramenta, e o governo estima que o custo de manutenção anual da alimentação da plataforma com os dados passará de US$ 2 milhões, dada a complexidade das informações.
“Mas é um dinheiro que vale a pena, que vai nos permitir saber com clareza como estão nossas reduções.”
A plataforma também foi pensada para ser usada pela chamada ICA, um mecanismo de consulta e análise internacional de dados.
Segundo o documento de apresentação, seria uma maneira “não intrusiva, não punitiva e que respeita a soberania nacional” de aumentar a transparência internacional sobre as ações do país. (Fonte: Folha.com).

Um país sem emissões de carbono: um sonho possível?

Um país sem emissões de carbono: um sonho possível?

Parece difícil imaginar que algum país populoso pode zerar emissões de gases efeito estufa e, consequentemente, ajudar a desacelerar o aquecimento global? Pois o Centro de Tecnologia Alternativa da Inglaterra garante que sim, no estudo “Zero Carbon Britain: Rethinking the Future”, lançado em julho deste ano.
O time responsável por esse documento – que reúne engenheiros, um físico, uma nutricionista, um cientista social, entre outros pesquisadores – não propõe retrocesso econômico ou político com base em “planos mirabolantes”, mas a aliança natural entre qualidade de vida da população e meio ambiente. Até porque, já é mais do que comprovado que para ser feliz por completo é preciso estar de bem com a natureza.
Não se trata, portanto, de parar de emitir. Basta reduzir as emissões e compensar o que não foi possível cortar. Por exemplo, em 2010 a Inglaterra emitiu 652.1 MtCO2; destas, 23.8 MtCO2 foram reabsorvidas – balanceando parte das emissões do país. Portanto, o saldo terminou em 628.3 MtCO2 negativos.
O objetivo do grupo é transformar o saldo final em nada mais que ZERO, sem depender de tecnologias em desenvolvimento. Ou seja, só foram levadas em conta tecnologias já existentes.
Investimentos em eficiência energética e energia renovável – especialmente eólica – foram apontados como fundamentais para alcançar essa meta. Hoje, a energia daquele país é responsável por 82% das emissões de gases de efeito estufa. Plantar florestas, enterrar materiais orgânicos e capturar e armazenar carbono também estão entre as medidas sugeridas para reabsorver os gases emitidos. (Fonte: Planeta Sustentável).

Pesquisadores investigam possíveis gatilhos ambientais para a doença ‘fogo selvagem"

Pesquisadores investigam possíveis gatilhos ambientais para a doença ‘fogo selvagem’

Por meio de uma parceria de mais de 25 anos, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill (Estados Unidos), analisam os fatores ambientais, genéticos e imunológicos que levam ao desenvolvimento da doença pênfigo foliáceo – popularmente conhecida como fogo selvagem na sua forma endêmica.
A enfermidade autoimune é caracterizada pela formação de bolhas por todo o corpo que, ao se romperem, podem servir de porta de entrada para infecções e culminar em sepse se não tratadas adequadamente.
As bolhas são resultado do ataque do sistema imunológico a uma proteína normalmente existente na camada mais superficial da epiderme denominada desmogleína 1 – que ajuda a manter as células da pele aderidas umas às outras. O ataque a uma proteína própria do organismo é resultado da desregulação do sistema imunológico e pode ser atribuído a inúmeros fatores.
Além de predisposição genética, o grupo de pesquisadores da USP e da UNC-Chapel Hill suspeita haver relação com a exposição constante a certos insetos hematófagos, particularmente o flebótomo (vetor da leishmaniose, popularmente conhecido como mosquito-palha), o triatomíneo (vetor da doença de Chagas conhecido como barbeiro) e o simulídeo (borrachudo).
Parte dos resultados obtidos nas últimas décadas foi apresentada durante a programação da FAPESP Week North Carolina, realizada em novembro, pelo professor do Departamento de Dermatologia da Escola de Medicina da UNC-Chapel Hill, Luis Diaz, e pela professora do Departamento de Dermatologia da Faculdade de Medicina da USP, Valéria Aoki.
“Temos evidências preliminares de que soros de pacientes com fogo selvagem reconhecem certas proteínas da glândula salivar de flebótomos. Se esse for realmente o caso, será a primeira doença autoimune em que podemos determinar a origem da autoimunidade”, afirmou Diaz.
De acordo com o pesquisador, o Grupo Cooperativo para Estudo do Fogo Selvagem surgiu em 1985 por iniciativa do professor da FMUSP, Sebastião de Almeida Prado Sampaio, morto em 2008. A pesquisa tem sido financiada há mais de duas décadas pelo National Institutes of Health (NIH), dos Estados Unidos.
Nos anos 1980, o grupo conseguiu identificar os anticorpos responsáveis pelo ataque à desmogleína 1 e isolar o principal deles: o IgG4. “Purificamos o anticorpo IgG4 do soro de pacientes de fogo selvagem e injetamos em camundongos, desenvolvendo um modelo animal para estudo da doença. Agora estamos usando novas técnicas e já chegamos a 97% de pureza. A ideia é injetar esse anticorpo purificado no camundongo e tentar descobrir qual porção específica da molécula é atacada”, contou Diaz.
O Grupo Cooperativo para Estudo do Fogo Selvagem desenvolve também estudos no âmbito epidemiológico para desvendar possíveis fatores ambientais. O centro da investigação é a aldeia indígena Terena de Limão Verde, localizada em Aquidauana, no Mato Grosso do Sul.
“É uma região em que a doença é endêmica, chegando a afetar 3,4% dos habitantes, prevalência muito alta para uma condição autoimune. Nas demais partes do mundo, existem apenas casos esporádicos”, contou Aoki.
Os doentes e a população não acometida pelo fogo selvagem da aldeia têm sido acompanhados pelo grupo há 20 anos, por meio de exame clínico e controle sorológico. Foi em um desses estudos que os pesquisadores constataram que, no soro de doentes de fogo selvagem, existem anticorpos que reconhecem proteínas presentes na saliva do flebótomo.
“Uma das hipóteses é que a saliva do inseto, na hora da picada, possa modificar a estrutura da desmogleína 1, facilitando, por exemplo, a exposição de parte da molécula normalmente oculta. Ou talvez possa injetar algo que mimetize a desmogleína 1, desencadeando a autoimunidade”, explicou Aoki.
Mas se todos os moradores da aldeia estão expostos a picadas constantes de insetos hematófagos, por que apenas alguns desenvolvem a doença? Uma das possibilidades, de acordo com a pesquisadora, é a existência de uma sequência específica de genes no sistema antígeno leucocitário humano (HLA, na sigla em inglês) – responsável por codificar proteínas envolvidas na resposta imune – que torna a pessoa predisposta.
“Durante os estudos de vigilância clínico-epidemiológica, descobrimos algo inesperado: soros de indivíduos que moravam na aldeia e não manifestavam a doença também possuíam anticorpos contra a desmogleína-1. E, quanto mais distante da aldeia, menor a chance de encontrarmos anticorpos anti-desmogleína 1 no soro dos indivíduos sem a doença. Isso reforça a importância do estímulo ambiental no desenvolvimento da autoimunidade”, avaliou Aoki.
De acordo com a pesquisadora, os resultados têm despertado grande interesse na comunidade científica, pois podem ajudar a entender o mecanismo de funcionamento de outras doenças autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide. “Talvez outras enfermidades possam sofrer influência de estímulos ambientais”, disse Aoki. (Fonte: Agência Fapesp).